BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu não sancionar o projeto de lei que que institui o Dia da Amizade Brasil-Israel, a ser comemorado anualmente em 12 de abril. O texto foi aprovado pelo Senado no final de maio e o prazo para sanção se encerrou na última sexta-feira (20).
Com isso, caberá ao presidente do Congresso Nacional, o senador Davi Alcolumbre (União-AP), assinar a promulgação da matéria.
A data é uma referência ao decreto que criou a representação brasileira em território israelense, em 1951. O projeto original foi apresentado ainda em 2013 pelo próprio governo federal, na gestão de Dilma Rousseff, pela “sólida relação bilateral e pelos fortes vínculos culturais e econômicos entre os dois países”.
Passados doze anos, o cenário é bem diferente. Lula tem sido um dos principais críticos, na comunidade internacional, das ações de Israel na Faixa de Gaza, que ele classifica como “genocídio”. Suas falas fizeram com que ele fosse considerado “persona non-grata” pelo governo israelense.
Já na semana passada, o governo brasileiro condenou o bombardeio de Israel ao Irã, afirmando que o ataque foi uma “clara violação à soberania” iraniana e um risco para a paz.
Além disso, o Brasil estuda a possibilidade de romper relações militares com o governo de Israel, segundo o assessor especial da Presidência, Celso Amorim. Ele também fez críticas às ações dos Estados Unidos no Irã, afirmando que os ataques ferem o direito internacional e a Carta das Nações Unidas (ONU), que não prevê autodefesa preventiva.
Lula também tem sido pressionado por aliados a romper todo tipo de relação, inclusive diplomática, com o Estado de Israel. Um manifesto assinado por todos os candidatos à presidência do PT cita a morte de civis palestinos, o bloqueio à Faixa de Gaza e diz que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, é acusado de crimes de guerra até por ex-embaixadores de seu país.