BRASÍLIA - O governo federal deve anunciar ainda nesta semana o plano de contingência para socorrer empresas afetadas pela sobretaxa de 50% imposta pelos Estados Unidos nas exportações brasileiras. Nesta segunda-feira (11/8), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) para fechar o pacote, que inclui novas linhas de crédito e um programa de compras governamentais. Não houve, porém, uma conclusão.

Segundo assessores do Palácio do Planalto, a equipe econômica ficou de ajustar a proposta antes do anúncio. Também participaram da reunião os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores), Rui Costa (Casa Civil), Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) e Jorge Messias (Advocacia-Geral da União). 

Uma medida provisória deve ser editada para alterar regras atuais no Fundo Garantidor às Exportações (FGE). O Banco do Brasil e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) devem ser operadores das novas linhas de crédito, que devem ter juros entre 1% e 4% ao ano. No entanto, essa taxa ainda deverá ser definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). 

Outra proposta será o aumento do Reintegra, programa federal que devolve às empresas os impostos pagos na cadeia de bens destinados à exportação. A ideia é ampliar a alíquota do programa de 0,1% para 2%, enquanto setores industriais defendem uma taxa de 3%. 

O governo também estuda um plano de proteção aos empregos nos setores mais afetados, nos moldes do que ocorreu na pandemia de Covid-19. 

Reunião cancelada

Mais cedo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a reunião prevista para acontecer na próxima quarta-feira (13/8) com o secretário de Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, para discutir o tarifaço, foi cancelada após atuação de "forças de extrema direita" que atuam nos Estados Unidos.

"A militância antidiplomática dessas forças de extrema direita que atuam junto à Casa Branca teve conhecimento da minha fala, agiu junto a alguns assessores, e a reunião virtual que seria na quarta-feira foi desmarcada", disse Haddad.

Esse encontro era considerado pelo Planalto como fundamental para entender o quanto os EUA estão dispostos a negociar sobre as taxas de 50% às exportações brasileiras.