BRASÍLIA - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, rebateu nesta segunda-feira (11/8) a cobrança do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ligue para o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para negociar a taxa de 50% às importações brasileiras. 

Em entrevista à Globonews, Haddad considerou a fala “um pouco ingênua” e sugeriu que o governador paulista “ainda não tenha traquejo nas relações internacionais”. 

“A afirmação do Tarcísio é, no mínimo, um pouco ingênua. Talvez uma pessoa que ainda não tenha traquejo das relações internacionais. Quando três ministros não conseguem sentar à mesa para dialogar, quando você encontra esse tipo de resistência em função da atuação de pseudobrasileiros em Washington, penso que o governador está sendo um pouco ingênuo de imaginar que esse telefonema vai ser a chave de todas as portas”, afirmou.

Ao citar "pseudobrasileiros", o chefe da equipe econômica referiu-se ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está, desde março, nos Estados Unidos buscando sanções contra o Brasil e contra autoridades brasileiras, em razão do que chama de "perseguição política" do Judiciário brasileiro. Seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por suposta tentativa de golpe de Estado em 2022.

Durante o Congresso Brasileiro do Agronegócio, realizado na manhã desta segunda-feira, Tarcísio questionou: “Quantas vezes vamos ter reuniões de alto nível no Departamento de Estado? Quantas vezes vamos ter a ligação do presidente brasileiro com o presidente americano? É isso que vai fazer a diferença. Para que a gente mostre e traga os argumentos”. 

Cotado como candidato a presidente na eleição de 2026, o governador de São Paulo tem protagonizado troca de farpas com integrantes do governo Lula sobre a decisão dos Estados Unidos em relação às importações do Brasil.

Lula já afirmou que não vai ligar para Donald Trump para conversar sobre as tarifas de 50% impostas aos produtos brasileiros, porque o presidente norte-americano não quer negociar e ele não vai se "humilhar".

“Pode ter certeza de uma coisa: o dia que a minha intuição me disser que o Trump está disposto a conversar, eu não terei dúvida de ligar para ele. Mas hoje a minha intuição diz que ele não quer conversar. E eu não vou me humilhar”, declarou Lula, em entrevista à Reuters, na última semana.

Na entrevista desta segunda-feira, o ministro da Fazenda também afirmou que a reunião prevista para acontecer na próxima quarta-feira (13/8) com o secretário de Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, para discutir o tarifaço, foi cancelada após atuação de "forças de extrema direita" que atuam nos Estados Unidos.

"A militância antidiplomática dessas forças de extrema direita que atuam junto à Casa Branca teve conhecimento da minha fala, agiu junto a alguns assessores, e a reunião virtual que seria na quarta-feira foi desmarcada", disse Haddad.