O presidente Jair Bolsonaro (PL) continua em silêncio nas redes sociais e recluso no Palácio da Alvorada. Ele não se manifestou nem sobre o possível pedido do seu partido para anular as eleições de 2022, tampouco falou algo a respeito das manifestações de apoiadores neste 15 de novembro. Também não fez qualquer pronunciamento sobre a data que marca a Proclamação da República.
Com mandato a cumprir até 31 de dezembro, Bolsonaro também segue sem ir ao Palácio do Planalto, seu local de trabalho. Os raros compromissos oficiais são agendados para a residência oficial, onde passa a maior parte do dia sem receber visitas. Nesta quarta-feira (16), a única reunião está marcada para 15h, com previsão de acabar às 15h30. Ele recebe o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.
Outrora sempre falante em público e muito ativo nas redes sociais, Bolsonaro decidiu se manter isolado no Alvorada e distante dos seus apoiadores desde a derrota nas urnas para seu maior rival político, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no segundo turno eleitoral, realizado em 30 de outubro.
Com a rotina de encontros quase diários com apoiadores no chamado “cercadinho” do Alvorada durante seu mandato, o chefe do Executivo nunca mais saiu para conversar com a militância. As tradicionais lives realizadas às quintas-feiras em suas redes sociais também deixaram de acontecer nas duas últimas semanas, sem nenhum recado ou aviso.
A agenda de Bolsonaro deixou de ser cumprida do Palácio do Planalto – sede do governo e do gabinete presidencial – na maioria dos registros disponíveis. O mandatário esteve no local apenas em duas ocasiões: em 31 de outubro, um dia após o resultado eleitoral, e em 3 de novembro, quando teve um rápido encontro com o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB).
Desde 30 de outubro, os compromissos da agenda oficial têm sido cumpridos no Alvorada e se resumem a encontros com ministros, além de despachos internos. Fugiu à regra de isolamento, apenas, um encontro com o governador reeleito do Paraná Ratinho Júnior (PSD), em 9 de novembro. Nas duas últimas duas semanas, seis dias úteis constaram sem compromissos oficiais na agenda do presidente.
Além das duas idas ao Planalto, Bolsonaro foi visto deixando o Alvorada em apenas mais uma ocasião. Em 1º de novembro, ele foi ao Supremo Tribunal Federal (STF) e se reuniu com ministros após o único pronunciamento feito desde o segundo turno e quase 45 horas depois de sua derrota.
Em pronunciamento de dois minutos, ele não reconheceu a vitória de Lula e afirmou que a reação de apoiadores com manifestações ao redor do país e o bloqueio de estradas era “fruto de indignação e sentimento de injustiça de como se deu as últimas eleições”, reprovando o “cerceamento do direito de ir e vir”. Sem uma condenação enfática aos atos dos apoiadores, Bolsonaro foi às redes sociais dois dias depois, em 3 de novembro, quando publicou um vídeo pedindo a liberação das rodovias.
As publicações feitas em redes sociais, antes frequentes e realizadas mais de uma vez ao dia, também ficaram espaçadas. Além do vídeo aos apoiadores, o mandatário apareceu apenas em 8 de novembro e publicou fotos de sua campanha eleitoral. Diferentes imagens foram divulgadas no Twitter, Facebook e Instagram, sem qualquer legenda. Há registros, inclusive, do lançamento de sua candidatura em julho, no Maracanãzinho, no Rio de Janeiro (RJ).
Na última quinta-feira (10), o ministro das Comunicações, Fábio Faria, afirmou que esteve com Bolsonaro e que o presidente estava “muito sereno”. “Ele sabe o que representa para o Brasil, o tamanho do Bolsonarismo e que saiu vitorioso nas eleições do Congresso e governadores”, publicou no Twitter.