Com a ausência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), para a cerimônia de posse do homólogo Javier Milei na Argentina, neste domingo (10), o Brasil quebra uma tradição de mais de 40 anos, ao não enviar um titular da cadeira do Executivo federal para Buenos Aires. 

Ainda assim, quem vai representar oficialmente o governo brasileiro na posse de Milei vai ser o ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira.  

O Palácio do Planalto ainda vê com desconfiança o político argentino, após uma corrida eleitoral conturbada, em que Javier atacou diversas vezes Lula, bem como sinalizou medidas radicais: sair do Mercosul e fechar o Banco Central.  

A eleição acabou, Milei baixou o tom sobre o Brasil e diplomatas argentinos fizeram romaria em Brasília para evitar os danos diplomáticos. Eles entregaram a Mauro Vieira o convite oficial do presidente eleito para que Lula comparecesse à posse dele neste domingo. 

De lá para cá, não houve qualquer retratação de Milei quanto as agressões, como queriam alguns ministros. O mal-estar, segundo fontes do Palácio do Planalto, ainda se agravou com o convite direto de Milei para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). 

Ele inclusive está em Buenos Aires desde a última sexta-feira (10) com ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Eles se reuniram com o presidente eleito da Argentina.  

Uma comitiva de políticos da direita estão em Buenos Aires para acompanhar o novo chefe da Casa Rosada. Entre eles os governadores Claudio Castro (Rio de Janeiro), Jorginho Melo (Santa Catarina) e Tarcísio de Freitas (São Paulo). Há também cerca 18 deputados da oposição, sendo a maioria do Partido Liberal (PL), entre eles Bia Kicis, Sóstenes Cavalcante e Eduardo Bolsonaro. 

O ex-presidente brasileiro chegou à Argentina acompanhado d 50 políticos. Entre eles o senador Ciro Nogueira (PP-PI), ex-ministro da Casa Civil, e o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto.  

40 anos de tradição quase foi rompida com Bolsonaro 

O Brasil quase rompeu a tradição de enviar um presidente ou vice em posses na Argentina durante a gestão de Bolsonaro.  

Em 2019, com a vitória do esquerdista peronista Alberto Fernández, Bolsonaro afirmou várias vezes que o país não enviaria nem mesmo representação diplomática na posse do argentino. Ainda assim, o seu vice Hamilton Mourão representou o governo brasileiro na ocasião. 

Fernandez tinha proximidade com Lula e, inclusive, chegou a visitar o petista na prisão da Polícia Federal em Curitiba. 

Desde 1983, a partir da redemocratização dos dois países, tanto o Brasil quanto a Argentina, o qual são os maiores parceiros comerciais da América do Sul, nunca deixaram de enviar um presidente ou vice para a posse dos chefes de Estado dos respectivos países.