O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vai antecipar a volta dele ao Brasil para esta quinta-feira (18), após cumprir uma série de agendas em Washington, nos Estados Unidos. O retorno antes do previsto é para que ele se envolva pessoalmente nas negociações com o Congresso Nacional sobre agenda econômica. As informações são do Ministério da Fazenda.
Até então, o embarque dele a Brasília estava previsto para sexta-feira (19), mas foi adiantado para esta quinta-feira, às 22h: “A volta do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (de Washington para o Brasil), será antecipada, tendo como foco a agenda econômica em Brasília e negociações com o Congresso envolvendo os projetos de interesse do governo”.
O comunicado não informa quais reuniões o titular da pasta terá em Brasília assim que voltar. Questionada, a assessoria de imprensa da Fazenda apenas respondeu “agenda cheia”. Haddad cumpriu agenda nos Estados Unidos desde a última segunda-feira (15), onde participou de reuniões do G20 e do Fundo Monetário Internacional (FMI).
A volta de Haddad à capital federal ocorre em um momento conturbado para articulação política e econômica do governo. Cobrada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, a Fazenda ainda não apresentou aos parlamentares as propostas que regulamentam a reforma tributária.
Outro tema que pesou na agenda de Haddad foi o anúncio feito pelo governo federal, no início da semana, sobre a redução de metas do superávit nas contas públicas do governo nos próximos anos. As metas estão previstas na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2025.
Esse anúncio foi visto de maneira negativa pelo mercado, o que resultou na desvalorização do real. Na prática, essa mudança permite à União gastar mais do que arrecada, o que pode acabar inflando, ainda mais, a dívida pública.
Com o agravamento do atrito entre Lira e o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, Haddad deve intensificar o papel de articulador político na defesa dos projetos econômicos do governo federal.
O titular da equipe econômica também deve entrar em campo sobre a definição da contraproposta do Palácio do Planalto ao veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) às emendas de comissão no valor de R$ 5,6 bilhões.
Deputados e senadores ameaçam derrubar o veto presidencial na sessão da próxima quarta-feira (24) se não houver consenso quanto à alternativa para recompor as emendas.
A equipe econômica do governo Lula tem defendido a manutenção da meta fiscal de déficit zero na busca, ambiciosa, de manter o equilíbro das contas públicas. A possível derrubada dos vetos pode dificultar ainda mais os objetivos da Fazenda.
Haddad tem defendido que o cumprimento da meta fiscal também depende do Congresso Nacional e tem citado com frequência a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), ao defender que para toda despesa, é preciso apontar a fonte da receita.