O presidenta da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), assumiu durante conversa com jornalistas, na manhã desta sexta-feira (27), no Palácio do Planalto, que "dificilmente" cumprirá a meta de zerar o déficit primário em 2024. Além disso, o petista afirmou que o "mercado é ganancioso demais". O jornal O Tempo em Brasília participou da conversa.
"Tudo que a gente puder fazer para cumprir a meta fiscal a gente vai fazer. Mas ela não precisa ser zero (...) Não posso começar o ano fazendo corte de bilhões em obras prioritárias para o país", afirmou. "Então, eu acho que muitas vezes o mercado é ganancioso demais e fica cobrando uma meta que ele sabe que não vai ser cumprida", completou.
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Em agosto, o governo enviou ao Congresso Nacional a proposta de Orçamento para o ano de 2024 com a estimativa de um déficit zero em suas contas. Esse objetivo dependia de medidas para aumentar a arrecadação, no valor de R$ 168 bilhões, e tentar atingir o "equilíbrio" nas contas públicas.
Embora a busca pelo déficit zero tenha sido uma promessa do Ministério da Fazenda e já estivesse incluída no projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024, desde o início, ela enfrentou ceticismo tanto por parte do mercado financeiro. E, agora, do presidente Lula.
RELATOR CRITICA
O relator do Orçamento de 2024, Danilo Forte (União Brasil-CE) disse que as declarações de Lula causam constrangimento ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Leia nota abaixo:
"As declarações do presidente Lula sobre o abandono da meta fiscal causam constrangimento ao ministro Fernando Haddad, que tem lutado muito para o atingimento do déficit zero a partir da aprovação da agenda econômica.
Desde abril venho defendendo a necessidade de alteração da meta fiscal, dentro de uma construção política, com diálogo e transparência. Sempre defendi um orçamento enxuto, exequível e realista, que dê previsibilidade à execução orçamentária. Isso passa também pela votação dos vetos ao arcabouço fiscal, que precisam ser apreciados com celeridade.
Trata-se de uma fala brochante para a pauta econômica, que sofre resistências no Legislativo. Até porque o próprio atraso na votação da LDO ocorreu para dar a oportunidade para o governo federal realizar o convencimento acerca das propostas da equipe econômica.
Estarei, como sempre, à disposição do Executivo para rediscutirmos os números reais da economia dentro da perspectiva de uma possível mudança na meta de resultado primário."