À medida que as tratativas entre o governador Romeu Zema (Novo) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) para um acordo não avançam, a pré-candidatura do senador Carlos Viana (PL) ganha fôlego na corrida para o governo de Minas Gerais. Bolsonaro irá esgotar todas as possibilidades para formalizar a aliança com Zema, mas o acordo é visto, hoje, como menos provável. O PL definirá as candidaturas majoritárias e proporcionais em convenção partidária agendada para 20 de julho.
Como informou o Estado de S. Paulo e confirmou O TEMPO, em agenda na última quarta-feira (6) em Brasília (DF), Bolsonaro orientou a Viana que mantivesse a agenda como pré-candidato, já que um arranjo eleitoral com Zema é avaliado pelo Palácio do Planalto como difícil. A sinalização do presidente da República levou o senador a garantir, nas redes sociais, que, “mais do que em qualquer outro momento, eu sou pré-candidato ao governo de Minas”.
Viana, inclusive, está remanejando os compromissos da agenda de pré-campanha. A princípio, no próximo sábado (9), o senador teria compromissos em Sabará, na Região Central. Entretanto, a agenda foi cancelada para que o pré-candidato acompanhe Bolsonaro durante a participação na “Marcha para Jesus 2022” em Uberlândia, no Triângulo Mineiro. Nesta sexta, por outro lado, Viana tem reuniões internas com a própria equipe em Belo Horizonte.
Interlocutores admitem que, caso Bolsonaro lhe peça, Viana irá retirar a pré-candidatura ao governo de Minas, como o próprio senador já admitiu. “O projeto principal é a reeleição de Bolsonaro. Se os números indicarem que a direita precisa se unir em Minas, não sou eu quem irá atrapalhar”, afirmou ainda em maio. Entretanto, a avaliação, neste momento, é de que a sinalização do presidente foi contrária. Se não houver entendimento entre o presidente e o governador, Viana será o palanque de Bolsonaro em Minas.
Embora a filiação de Viana ao PL tenha tido a bênção de Bolsonaro, a pré-candidatura do senador foi fustigada pelo próprio presidente da República em recentes visitas a Minas. Durante a abertura da ExpoZebu, em Uberaba, no Triângulo, em abril, Bolsonaro, ao se referir diretamente a Zema, lhe disse que é “um exemplo para todos nós aqui no Brasil”. Já na cerimônia de posse da diretoria da Fiemg para o triênio 2022-2025 em maio, o presidente disse que, “em time que está ganhando, não se mexe”.
Marcelo Aro é o principal entrave
A pré-candidatura de Viana ganha novos ares após um encontro entre Bolsonaro e Zema, na última segunda-feira (4), em Brasília, terminar sem qualquer avanço. Como já mostrou O TEMPO, Zema, apesar de reiterar publicamente o apoio à pré-candidatura à presidência de Felipe D’Avila (Novo), estaria disposto a construir uma aliança, mas informal, já que não deseja interferências na chapa. O governador informou que deseja indicar o jornalista Eduardo Costa (Cidadania) como vice-candidato e o deputado federal Marcelo Aro (PP), como candidato ao Senado.
Bolsonaro, por outro lado, quer ao menos uma das vagas. O nome de Aro, por exemplo, enfrenta resistências no Palácio do Planalto. Uma alternativa proposta seria o deputado federal Marcelo Álvaro Antônio (PL), que, inclusive, é pré-candidato ao Senado na chapa de Viana. Entretanto, Zema não estaria disposto a abrir mão de Aro. O deputado federal, que já anunciou que não será candidato à reeleição, é o líder do governo de Minas no Congresso Nacional. Aliás, nessa quarta, o deputado Zé Guilherme (PP), pai de Aro, foi designado como líder do bloco de governo na ALMG.
Dentre os liberais, inclusive entre os mais afeitos a Zema, a avaliação é de que, caso a pré-candidatura de Viana se viabilize, as eleições para o governo de Minas serão levadas para o 2º turno. De acordo com a pesquisa DATATEMPO divulgada em 6 de junho, o governador, com 45,7% das intenções de voto, venceria em 1º turno se apenas os votos válidos fossem considerados. O levantamento, cuja margem de erro é de 2,19 pontos percentuais, foi realizado entre 27 de maio e 1º de junho.