BRASÍLIA - O general do Exército Walter Braga Netto está detido desde o último final de semana na 1ª Divisão do Exército, quartel localizado na Zona Oeste do Rio de Janeiro, sob a acusação de obstruir as investigações do inquérito sobre um plano de golpe de Estado em 2022. No local, uma sala foi adaptada como quarto para acomodar o militar.

O militar, que foi ministro da Casa Civil no governo Jair Bolsonaro (PL) e candidato a vice na chapa à reeleição do ex-presidente, foi preso no sábado (14) após uma operação da Polícia Federal (PF). 

O quarto onde ele passa a ficar quase 24 horas do dia era usado pelo chefe do Estado Maior do quartel. O espaço improvisado é equipado com ar-condicionado, TV, geladeira e armário próprio, além do acesso a um banheiro privativo. 

De acordo com as normas das Forças Armadas, oficiais devem permanecer em alojamentos, e não em celas de prisões comuns. As adaptações foram feitas porque não há no Rio de Janeiro um espaço específico para o isolamento de um general de quatro estrelas, patente de Braga Netto.

Unidade onde Braga Neto está preso já foi subordinada a ele

A 1ª Divisão do Exército é o quartel que reúne os batalhões operacionais do Comando Militar do Leste, responsável pelo controle do Exército no Rio de Janeiro, no Espírito Santo e em Minas Gerais. 

A unidade fica na Vila Militar, em Deodoro, a 40 km da residência de Braga Netto, em Copacabana, na Zona Sul, onde ele foi preso na manhã de sábado. O quartel já foi subordinado a ele entre 2016 e 2019, quando chefiou o Comando Militar do Leste. 

A equipe de O TEMPO em Brasília tentou falar com a defesa do general, mas até a publicação dessa reportagem ela não havia dado retorno. 

Entenda

Braga Netto foi preso pela Polícia Federal sob acusação de interferir na produção de provas em um inquérito que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Na casa do general, agentes fizeram busca e apreensão. O celular dele foi apreendido.  

No relatório que pediu a prisão de Walter Braga Netto, a Polícia Federal apontou que o general e ex-ministro no governo Jair Bolsonaro tinha “destaque” na tentativa de golpe de Estado para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Em depoimentos à PF e ao Supremo Tribunal Federal (STF), o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, confirmou que o general  tentou obter informações sobre o seu acordo de delação. Além disso, confirmou que o ex-ministro entregou dinheiro para a Operação Punhal Verde e Amarelo.