BRASÍLIA – O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes votou pela condenação de Diego Dias Ventura a 15 anos de prisão pelos crimes cometidos durante os atos de 8 de janeiro de 2023. 

Apontado como uma das principais lideranças do acampamento em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília, Ventura é acusado de participar ativamente da organização e execução dos ataques às sedes dos Três Poderes.

Militante de extrema direita conhecido como "Diego da Direita Limpa Campos", ele foi preso em julho de 2023 pela Polícia Federal, durante a 3ª Assembleia Nacional da Direita Brasileira, em Campos dos Goytacazes (RJ), por ordem de Moraes no âmbito da Operação Lesa Pátria.

O réu estava foragido desde a destruição das sedes dos Três Poderes. Nas redes sociais, Ventura aparecia frequentemente ao lado de Ana Priscila Azevedo, também considerada uma das lideranças do ataque e presa desde janeiro do mesmo ano.

Segundo o voto do ministro, Diego deverá cumprir 12 anos e seis meses de prisão pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e tentativa de golpe de Estado. 

Outros 18 meses correspondem a crimes de menor potencial ofensivo, como dano qualificado, deterioração de patrimônio público tombado e associação criminosa. Ele também foi condenado ao pagamento de 100 dias-multa e à reparação de R$ 30 milhões por danos morais coletivos. A pena deverá ser cumprida inicialmente em regime fechado.

Réu confesso admitiu ter participado de invasões no 8/1 

Durante as investigações, Ventura confessou que permaneceu 50 dias no acampamento em frente ao QG do Exército, onde atuou na logística do movimento, inclusive arrecadando dinheiro para sua manutenção. Também admitiu ter invadido o STF e o Palácio do Planalto, onde gravou vídeos das ações criminosas.

Em sua análise, Moraes afirmou que as provas reunidas pela Polícia Federal (PF) e pela Procuradoria-Geral da República (PGR) evidenciam que Diego aderiu de maneira “consciente e voluntária” à associação criminosa que planejou e executou os ataques. Para o ministro, os líderes da mobilização devem ser responsabilizados com mais rigor.

“A invasão aos prédios públicos se deu em contexto de crime multitudinário, sendo dispensável a identificação de quem causou cada dano específico. Os líderes devem responder de forma mais gravosa, nos termos da legislação penal”, escreveu.

O julgamento está em andamento no plenário virtual da Primeira Turma do STF, e, até o momento de publicação desta reportagem, apenas Moraes havia apresentado voto.