BRASÍLIA - O ex-desembargador do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) Sebastião Coelho anunciou que não seguirá mais na defesa de Filipe Martins, ex-assessor da Presidência da República e réu em processo por tentativa de golpe de Estado em 2022.

A saída do advogado ocorre logo após a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) ter aceitado, por unanimidade, a denúncia contra Martins e outros cinco investigados.

A decisão de Coelho foi comunicada por meio de um vídeo divulgado nas redes sociais na noite dessa quarta-feira (23). Na gravação, ele afirma que já havia antecipado sua intenção de deixar o caso se a denúncia fosse acolhida pelo STF. 

"Se o processo continuasse, eu precisaria me afastar um pouco por conta da necessidade de tratar de dois assuntos de ordem pessoal, um deles, inclusive, de saúde", explicou. Ele também revelou que esperava que a denúncia fosse rejeitada, impedindo a abertura do processo penal contra Martins.

Críticas ao STF e ao ministro Alexandre de Moraes

A atuação de Sebastião Coelho na defesa de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro foi marcada por confrontos com o Supremo. Durante uma sessão decisiva da Corte que resultou no indiciamento de Bolsonaro, Coelho foi impedido de entrar no plenário por falta de credencial.

Ao protestar de forma exaltada, acabou sendo detido por desacato após confronto verbal com seguranças. A Polícia Judicial registrou um boletim de ocorrência contra ele.

Sebastião Coelho, que se aposentou como desembargador, assumiu papel de destaque na linha de frente de juristas que questionam decisões do STF e, principalmente, o ministro relator do inquérito que apura a suposta tentativa de golpe de Estado em 2022 para perpetuar Jair Bolsonaro no poder. 

“Cheguei à conclusão de que nós estamos numa guerra. Essa guerra tem de um lado o governo federal, com o Supremo Tribunal Federal, e do outro lado os oprimidos. Eu resolvi que eu vou me alistar no exército dos oprimidos". 

Sebastião diz ainda que muitas vezes gostaria de comentar os fatos políticos, mas que sua atuação na defesa do ex-assessor no STF o limita. “Agora sou ex-advogado do Filipe Marins, mas estarei na trincheira contra o arbítrio do ministro Alexandre de Moraes”, concluiu.