BRASÍLIA – O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou nesta terça-feira (5/8) que foi o responsável pela publicação do vídeo que levou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) à prisão domiciliar.

Ele alegou ter agido por convicção pessoal, não a pedido do pai, e aproveitou para propor um "pacote da paz" com medidas defendidas pela oposição, incluindo a anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023, o impeachment de Moraes e o fim do foro privilegiado.

“Fui eu que postei. Não foi o presidente Jair Bolsonaro que pediu para eu postar, para burlar qualquer medida cautelar”, declarou o senador. “Tenho minhas redes, postei por minha convicção, por achar que não tem nada que confronte essa medida cautelar.”

A publicação compartilhava um vídeo em que Bolsonaro aparecia de camiseta, bermuda e tornozeleira eletrônica, agradecendo aos apoiadores que foram às ruas no último domingo (3), em Copacabana. A gravação foi apagada pouco depois.

O conteúdo publicado por Flávio foi considerado por Moraes uma violação das medidas cautelares impostas ao ex-presidente em julho, que o proibiam de usar redes sociais, inclusive por meio de terceiros.

A decisão também levou em conta o suposto envolvimento de Bolsonaro em articulações para incitar sanções internacionais contra o Brasil, o que motivou medidas dos EUA contra Moraes e outras autoridades brasileiras.

Flávio trata decisão como 'desculpa' para antecipar prisão de Bolsonaro

Na coletiva, Flávio criticou a legalidade da decisão de Moraes, dizendo que a ordem de prisão foi tomada “sem ouvir outros ministros ou o Ministério Público Federal”. Para ele, trata-se de uma “pseudomotivação para antecipar cumprimento de sentença”.

“Sou cidadão brasileiro – por acaso, estou senador da República. Portanto, teria o direito de postar o que quisesse. Na minha cabeça, não traria problema nenhum”, argumentou.

Além de defender o pai, Flávio revelou que o irmão, o vereador Carlos Bolsonaro, teria passado mal após a decisão judicial, mas já se recuperou. “Ele ficou mal ontem, mas já está bem”, disse.

"Pacote da paz" é proposta da oposição para enfrentar o STF

Como contraponto à atuação de Moraes, o senador anunciou o "pacote da paz" que deve ser proposto pela oposição. A proposta inclui:

  • Anistia ampla, geral e irrestrita para os condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro;
  • Impeachment de Alexandre de Moraes;
  • Aprovação da PEC que acaba com o foro privilegiado.

“A solução dos problemas do Brasil está no Congresso Nacional”, afirmou o senador, ao justificar as medidas.

Para Moraes, no entanto, Bolsonaro é reincidente e segue usando aliados e familiares para burlar ordens judiciais. Além da prisão domiciliar, o ministro determinou a apreensão de celulares e a proibição de visitas e comunicações por telefone.