BRASÍLIA – O julgamento mais aguardado do inquérito da suposta trama golpista começa nesta terça-feira (2/9) no Supremo Tribunal Federal (STF) e deve se estender até 12 de setembro. Apesar da gravidade das acusações e do impacto político do caso, a maior parte dos réus do chamado “núcleo 1” – formado por Jair Bolsonaro (PL) e sete aliados – já indicou que acompanhará a análise das ações penais de forma remota, pela televisão.
A exceção até agora é o general da reserva Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa. Segundo apurou a reportagem de O TEMPO em Brasília, ele deve comparecer presencialmente à Primeira Turma do Supremo nas sessões desta terça (2/9) e quarta-feira (3/9), data prevista para a sustentação oral de seu advogado, Andrew Fernandes Farias. Em conversa preliminar, o militar chegou a manifestar interesse em assistir pessoalmente ao menos um dia da sessão.
Nogueira é acusado de apresentar a chamada “minuta do golpe” aos comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, em reunião ocorrida às vésperas da diplomação do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A Procuradoria-Geral da República (PGR) sustenta que os integrantes desse núcleo lideraram uma organização criminosa destinada a impedir a alternância do poder após a derrota eleitoral de Bolsonaro em 2022.
Entre os outros réus, a expectativa é de ausência no plenário
O ex-presidente Jair Bolsonaro, em prisão domiciliar, precisa de autorização do ministro Alexandre de Moraes para ir ao Supremo, mas advogados próximos o aconselharam a não comparecer para evitar exposição.
Até a publicação desse texto, ele não havia entrado com um pedido para deixar a prisão domiciliar em sua residência, que fica a cerca de 15 minutos do plenário da Primeira Turma do STF, onde vai ocorrer o julgamento.
Detido em uma unidade do Exército no Rio de Janeiro, o ex-ministro Braga Netto, também acompanhará pela TV, assim como Mauro Cid, Almir Garnier, Anderson Torres e Augusto Heleno, todos esses outros em liberdade. O deputado Alexandre Ramagem ainda não informou se pretende assistir presencialmente.
As defesas reforçam que não há obrigatoriedade de presença e argumentam que a estratégia é preservar os acusados da pressão pública. Todos negam participação em uma suposta trama golpista e pedem a rejeição da denúncia por falta de provas.
O STF montou um esquema especial para o julgamento, que terá oito sessões reservadas em cinco dias pela Primeira Turma.