BRASÍLIA – O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, afirmou nesta segunda-feira (1º/9) que o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outros sete réus acusados de tentativa de golpe de Estado deve ser conduzido com “serenidade” e “sem interferências, venha de onde vier”. 

Para ele, trata-se de mais uma “missão difícil” da Corte, mas que deve ser cumprida “para servir ao Brasil da melhor forma possível”.

PGR diz que 8/1 foi desfecho violento da tentativa de golpe

A Primeira Turma do STF inicia nesta terça-feira (2/9) a análise da ação penal que pode condenar Bolsonaro, acusado de apresentar uma minuta golpista e de articular, com aliados, uma ruptura institucional após a derrota eleitoral de 2022. Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), os atos de 8 de janeiro de 2023 foram o “desfecho violento” da empreitada.

Barroso reconheceu que o julgamento desperta tensão, mas ponderou que ela é compreensível diante da gravidade do caso. “Anormal seria se não houvesse tensão. Nenhum país julga invasão da sede dos Três Poderes ou a possibilidade de golpe por um ex-presidente sem algum tipo de tensão natural”, disse em evento no Rio de Janeiro.

O ministro também ressaltou que o Brasil vive, desde a Constituição de 1988, um período de estabilidade democrática, apesar de sobressaltos como os episódios golpistas. “Estamos muito próximos de empurrar o extremismo para a margem da história. Polarização sempre vai existir, o problema é o extremismo e a intolerância”, afirmou.

Presidente do STF não vai julgar Bolsonaro 

Mesmo sem participar do julgamento, Barroso destacou que a democracia exige convivência institucional entre divergências. Ele avaliou ainda que as comemorações do 7 de Setembro devem ocorrer “dentro da normalidade”, sem clima de hostilidade política.

Às vésperas de deixar a presidência do STF, no fim de setembro, Luís Roberto Barroso disse que sai com a sensação de dever cumprido. “Conseguimos uma relação harmoniosa com os Poderes. Houve avanços importantes, ainda que discretos, em inclusão de gênero e raça, questões climáticas e maior acesso à informação”, afirmou.