Os dois apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro que colocaram uma bomba na entrada do Aeroporto de Brasília, em 24 de dezembro do ano passado, foram condenados em  2ª instância no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT). Eles tiveram as penas aumentadas. O acórdão do julgamento foi publicado terça-feira (3). Um terceiro homem foi condenado à revelia na primeira instância e preso recentemente no Paraguai, onde estava foragido.

George Washington de Oliveira Sousa, de 54 anos, e Alan Diego dos Santos Rodrigues – que estão presos e foram condenados nas duas instâncias – vão cumprir as penas em regime fechado. Além disso, as armas de George Washington, que tinha registro de Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC), deverão ser entregues à União.

Neste segundo julgamento, George Washington recebeu a pena de 9 anos e 8 meses de prisão, mais 55 dias-multa. Em primeira instância, ele havia sido condenado a 9 anos e 4 meses de reclusão. Já Alan Diego dos Santos Rodrigues foi condenado a 5 anos de reclusão e 17 dias-multa. Antes, ele havia sido condenado a 5 anos e 4 meses de cadeia.

Artefato chegou a ser acionado, mas falhou; plano incluía bombas em rodoviária

Presos, os dois homens confessaram o crime. Contaram que havia inclusive um plano de colocar bombas na Rodoviária do Plano Piloto, o ponto mais movimentado do Distrito Federal, que fica no início da Esplanada dos Ministérios. Depois, houve a ideia de por artefatos na área de check-in do aeroporto da capital

Por fim, a bomba foi colocada sob um caminhão carregado de combustíveis de aviação, que entraria na pista do terminal aeroportuário. Peritos da Polícia Civil concluíram que a bomba, com grande poder de destruição, chegou a ser acionada de forma remota, mas o dispositivo falhou.

George Washington foi preso em apartamento cheio de armas e explosivos

George Washington foi preso ainda na noite de 24 de dezembro. Ele estava em um apartamento alugado no Sudoeste, área nobre de Brasília. No local, policiais encontraram um fuzil, espingardas, revólveres, munição e outros artefatos explosivos. Ele tinha registro como CAC, mas o documento estava em situação irregular. Portanto, não poderia estar com o arsenal. O homem confessou o plano criminoso e apontou outros envolvidos.

George Washington veio do Pará para Brasília em novembro de 2022 para participar de manifestações por intervenção militar, contra a posse de Luiz Inácio Lula da Silva. Ele se juntou a outros apoiadores de Jair Bolsonaro que se reuniram no acampamento montado em frente ao Quartel-General do Exército, perto do Sudoste. Foi lá que traçou o plano para o atentado terrorista e conseguiu os explosivos e as armas encontradas no imóvel que ocupava.

Foi Alan Diego dos Santos Rodrigues quem levou a bomba ao aeroporto de Brasília. Ele recebeu o artefato pronto para ser acionado de forma remota. Alan confessou o crime à Polícia Civil. Disse que, inicialmente, disseram que era para colocar a bomba próximo a um poste para prejudicar a distribuição de energia elétrica na capital. Mas, de última hora, decidiu por o objeto no caminhão de combustível, carregado de querosene de aviação. O motorista do caminhão percebeu que havia um “objeto estranho” no caminhão e chamou a Polícia Militar. A PM detonou o explosivo. O caso não impactou as operações no aeroporto.

Também condenado por bomba, blogueiro bolsonarista foi preso no Paraguai

Em depoimento, Alan Diego afirmou ter colocado o explosivo no caminhão pessoalmente, e disse que estava acompanhado pelo blogueiro bolsonarista Wellington Macedo de Souza, de 47 anos.

Ao contrário dos outros dois, Wellington  conseguiu. Ele só foi preso há duas semanas, em Ciudad del Este, no Paraguai. A prisão foi feita pela Polícia Nacional do Paraguai, em cooperação entre a Polícia Federal do Brasil.

Macedo – que estava foragido desde janeiro deste ano, quando foi decretada sua prisão preventiva –  foi condenado em 18 de agosto a seis anos de prisão, em regime inicial fechado, e ao pagamento de multa no valor R$ 9,6 mil pela tentativa de explosão nos arredores do Aeroporto de Brasília.