Na presença dos irmãos Batista da JBS, Lula volta a criticar operação Lava Jato

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar a operação Lava Jato nesta sexta-feira (12). Desta vez, o petista atacou a operação ao lado dos donos da JBS, que assim como ele, foram condenados e presos em função das investigações da força-tarefa de Curitiba. Lula disse que foi preso "por causa da maior mentira da história dessa país, que a história se encarregará de mostrar". 

Em agenda ao Mato Grosso do Sul, onde acompanhou o primeiro embarque de carnes do frigorífico da empresa para a China, Lula ainda elogiou a família Batista e recebeu elogios do governador do Estado, o bolsonarista Eduardo Riedel (PSDB-MS). A visita também serviu como um aceno do presidente da República ao agronegócio, que tem uma alinhamento expressivo ao bolsonarismo. 

Lula elogia patriarca da família Batista e irmãos Joesley e Wesley

Em visita a uma das plantas da JBS - recém-habilitadas para exportar carne para a China - , Lula saudou a família Batista, responsável pelo empreendimento. “Eu conheci no primeiro mandato, ainda não tão grande como está hoje, e eu fico sempre muito orgulhoso quando alguém consegue vencer na vida, em qualquer que seja sua atividade”, declarou. 

Nos dois primeiros mandatos do petista, a JBS teve apoio do  Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para crescer e se internacionalizar. 

A  gigante do setor de alimentos e líder das exportações brasileiras de proteína animal (bovina, frango e suínos) enfrentou uma crise por causa de uma série de escândalos envolvendo os nomes dos irmãos Joesley e Wesley Batista, que comandavam a JBS. Eles foram investigados pela Polícia Federal (PF) nas operações Greenfield e Carne Fraca. Fora do conselho de administração da JBS em 2017, após um acordo de delação premiada, os irmãos Batista voltaram ao colegiado do grupo no mês passado.  

Sem fazer menções a estes episódios, Lula cumprimentou os dois irmãos, que são filhos do Zé Mineiro, fundador da JBS. “Eu quero cumprimentar o Joesley e o Wesley, que são os herdeiros primeiros, responsável para que essa empresa se transformasse na maior empresa produtora de proteína animal do mundo. E isso para mim é motivo de orgulho. Saber que se a gente quiser, a gente faz tudo que a gente sonhou”, afirmou. 

Governador bolsonarista faz aceno a Lula

No palco ao lado de Lula, o governador do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB-MS), teceu elogios ao petista. O tucano é de uma ala bolsonarista do partido e declarou apoio ao ex-presidente da República nas eleições de 2022. 

Ao discursar, Riedel lembrou da primeira reunião de Lula com os governadores ainda em janeiro de 2023. “Ele [Lula] nos chamou e falou: 'Cada governador do país pode escolher o que é prioritário para o seu estado, que nós vamos ajudar a construir. Saímos de uma eleição polarizada, precisamos virar essa página'. Nós apresentamos sete projetos, ele acatou os sete, e só no ano passado veio mais de R$ 1 bilhão para o nosso estado para ajudar na infraestrutura”. 

Assentamento para os indíos Guarani-kaiowá

Lula propôs a Riedel uma parceria entre o governo federal e estadual para comprar terras para assentar os indígenas Guarani-kaiowá. “[Riedel], deixa eu te fazer uma proposta: vamos comprar, em sociedade, uma terra para a gente salvar aqueles guarani que vivem ali perto de Dourado, na beira da estrada”, disse o petista de frente para o governador. 

“Se você encontrar as terras, para que a gente recupere a dignidade daquele povo, o governo federal será parceiro na compra e no cuidado para que eles voltem a viver dignamente", completou Lula.