Polícia não descarta "nenhuma hipótese" sobre ataque a jornalista da Globo

A Polícia Civil do Distrito Federal admite que o jornalista Gabriel Luiz, de 28 anos, pode ter sido vítima de uma tentativa de homicídio a não apenas de uma tentativa de roubo, devido à violência do ataque e ao fato da vítima fazer reportagens investigativas.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do DF informou que “todos os órgãos de segurança estão empenhados na captura dos bandidos. A investigação está em curso e chegará a bom termo. Não descartamos nenhuma hipótese sobre as razões do ataque. Tudo vai ser esclarecido”.

O repórter da TV Globo é autor de diversas matérias que denunciaram mau uso de dinheiro público. Esta semana, foi ao ar reportagem em que denunciou irregularidades no funcionamento de um clube de tiros em Brazlândia, cidade satélite do Distrito Federal. O Exército fechou o clube no dia seguinte.

Gabriel Luiz está entubado e sedado em um leito da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital de Base do Distrito Federal, referência em traumas graves. 

O jornalista passou por diversas cirurgias na manhã desta sexta-feira (15). Ele levou várias facadas na noite de quinta-feira (15), no estacionamento perto da casa dele no Sudoeste, bairro nobre da capital da República. 

Em boletim divulgado perto do meio-dia desta sexta-feira, os médicos informaram que o estado de saúde dele era “bastante grave, porém, estável” e que as cirurgias tinham como objetivo principal conter a hemorragia.

Às 12h15, jornalistas da TV Globo contaram que Gabriel, mesmo sedado, acordou e conseguiu reconhecer o pai, apertando a mão dele, no leito da UTI. Por decisão da família, o jornalista será transferido para a UTI do Hospital Brasília, unidade particular, ainda na tarde desta sexta-feira.

Gabriel Luiz levou cerca de dez facadas

O crime aconteceu por volta das 23h20 de quinta-feira. Gabriel havia saído para ir a um supermercado próximo de casa. Ele voltava quando foi seguido por dois homens. Eles o cercaram e desferiram cerca de 10 golpes no abdômen, no pescoço, nos pulsos e na perna. 

Testemunhas relatam que um indivíduo segurou a vítima para o outro esfaquear. A agressão só parou porque um vizinho viu a cena e gritou.

Gabriel chegou à porta do prédio onde mora com sangue pelo corpo e pela roupa, implorando ajuda. A princípio, o porteiro, que estava na guarita, pensou que se tratava de um morador de rua. Assim que Gabriel se aproximou, o funcionário do prédio o reconheceu e abriu a porta. 

“Me ajuda! Eles vão me matar! Eu vou morrer!”

O jornalista estava perdendo muito sangue, mas se manteve consciente e pediu socorro, dizendo: “Me ajuda! Eles vão me matar! Eu vou morrer!”. O porteiro pediu para que permanecesse calado pois poderia piorar o seu quadro. 

O porteiro telefonou para os bombeiros, que chegaram rapidamente. Há um batalhão do Corpo de Bombeiros próximo ao endereço.

Gabriel informou o número do telefone celular do pai e pediu para que o funcionário entrasse em contato para avisá-lo sobre o que havia acontecido. O jornalista foi levado para o Hospital de Base.

Logo chegaram ao local do crime policiais militares e civis, pois o bairro tem unidades das duas corporações.

Bandidos não levaram carteira de jornalista

A carteira de Gabriel foi encontrada ainda no estacionamento onde foi atacado, mas o celular estava desaparecido até a manhã desta sexta-feira e ninguém havia sido preso. 

Policiais civis recuperaram o celular de Gabriel Luiz no início da tarde desta sexta-feira. O aparelho foi localizado por um morador do Sudoeste, caído no chão. 

O homem repassou o aparelho a um investigador da Polícia Civil, que levou o objeto até a 3ª Delegacia de Polícia. 

Os bandidos também não tiraram uma correntinha de ouro de Gabriel, o que reforça que só queriam agredí-lo, em vez de roubá-lo.

Câmeras registraram abordagem de dupla e Gabriel pedindo socorro 

Câmeras de segurança registraram a aproximação dos suspeitos. As imagens mostram, primeiro, o jornalista passando pelo local. Um suspeito aparece logo em seguida e outro, atrás. Mais à frente, a dupla atacou Gabriel. Em seguida, os dois saíram correndo em fuga.

O TEMPO agora está em Brasília. Acesse a capa especial da capital federal para acompanhar as notícias dos Três Poderes.