Primo dos três filhos mais velhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Leonardo Rodrigues de Jesus, o Léo Índio, é alvo de busca e apreensão na 19ª fase da Operação Lesa Pátria, deflagrada na manhã desta quarta-feira (25). Essa é a segunda vez que ele entra na mira da ação que visa identificar pessoas que incitaram, participaram e fomentaram os fatos ocorridos em 8 de janeiro.

Na data, os prédios do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF) foram invadidos e depredados para provocar intervenção militar. A primeira fase da operação deflagrada pela PF foi em janeiro, duas semanas após os ataques aos prédios.

Léo Índio estava na Esplanada dos Ministérios em 8 de janeiro. Ele, inclusive, publicou imagens em uma rede social em cima da cúpula do Congresso Nacional e próximo ao STF. Em uma das postagens, apareceu com os olhos vermelhos, segundo ele devido ao gás lacrimogêneo usado pela Polícia Militar na tentativa de dispersar a multidão.

Em outro post, na área central de Brasília, ele escreveu: “Muitos feridos, muitos socorridos. Patriotas não cometem vandalismo”. Nas imagens, Léo Índio vestia uma camiseta alusiva ao Exército Brasileiro, além de um boné preto de uma unidade de paraquedista da força militar.

Léo Índio é sobrinho de Rogéria Nantes Braga, primeira mulher de Bolsonaro e mãe dos filhos mais velhos do ex-presidente: o senador Flávio, o vereador Carlos e o deputado federal Eduardo. Ele já foi citado em investigações sobre o 8 de janeiro, o dia 7 de Setembro, "rachadinha" e também sobre o uso de funcionários fantasmas.

Outras investigações

O primo dos filhos de Bolsonaro entrou na mira da investigação da PF após publicar em suas redes sociais uma campanha de arrecadação de dinheiro para financiar as manifestações do 7 de setembro. Na época, ele divulgou em sua conta no Instagram várias chaves Pix para arrecadação de valores e, também, um QR Code para doações por meio de criptomoedas.

Na data, aliados políticos e eleitores de Bolsonaro foram às ruas para defender o então presidente e atacar seus adversários, inclusive com pedidos de intervenção miltar. O suposto uso eleitoral das comemorações do Bicentenário da Independência renderem a Bolsonaro uma série de ações. Uma delas é julgada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com pedido de inelegebilidade e multa.   

Já Léo Índio, em 2022, também foi candidato pelo PL à Câmara Legislativa do Distrito Federal, mas não conseguiu ser eleito. Ele ainda atuou como assessor do senador Chico Rodrigues (União-RR), o líder do governo Bolsonaro no Senado que ficou em evidência nacional após ser flagrado com R$ 33 mil na cueca em outubro de 2020.

Bolsonaro e Mourão fazem campanha por anistia a condenados por 8 de janeiro

Bolsonaro é capitão reformado do Exército. Apoiadores dele passaram a pedir, após a derrota do ex-presidente nas urnas, que as Forças Armadas impedissem a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e fechassem o STF e o Congresso. No movimento, eles montaram acampamentos em frente a quartéis do Exército nas principais cidades do país. Do Quarte General, em Brasília, saiu, em marcha, a maioria das pessoas que participaram da invasão às desde dos Três Poderes em 8 de janeiro.

Recentemente, Bolsonaro passou a defender a liberdade de todos os envolvidos nos atos de 8 de janeiro. O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), que é general do Exército e foi vice-presidente na gestão Bolsonaro, apresentou, em 19 de outubro, um projeto de lei que prevê anistia para acusados e condenados devido aos atos do dia 8 de janeiro

Agentes cumprem 5 mandados de prisão e 12 de busca e apreensão

Nesta quarta, agentes da PF cumprem mandados judiciais contra 12 investigados, sendo cinco prisões preventivas e 13 mandados de busca e apreensão, todos expedidos pelo STF. As medidas estão sendo cumpridas em Cuiabá (MT), Cáceres (MT), Santos (SP), São Gonçalo (RJ) e em Brasília (DF).

A investigação apura os crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime, destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido e crimes da lei de terrorismo.