A vereadora por Belo Horizonte Flávia Borja (PP) fez um discurso em que acusa o presidente da Câmara, Gabriel Azevedo (sem partido), de tê-la ofendido e transformado a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Lagoa da Pampulha em uma comissão com fins eleitoreiros. A “Família Aro”, parte da base de Fuad Noman (PSD) na Casa e vereadoras mulheres foram vestidas de preto ao plenário em apoio à colega. No fim do discurso, ela foi abraçada por outros parlamentares.
A vereadora por Belo Horizonte Flávia Borja (PP) fez um discurso em que acusa o presidente da Câmara, Gabriel Azevedo (sem partido), de tê-la ofendido e transformado a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Lagoa da Pampulha em uma comissão com fins eleitoreiros. pic.twitter.com/Ryyegq8dFn
— O Tempo (@otempo) July 13, 2023
A vereadora continuou o discurso de ataque ao presidente Gabriel Azevedo. Durante o ato, a chamada “Família Aro”, parte da base de Fuad Noman (PSD) na Casa, e vereadoras mulheres foram vestidas de preto ao plenário em apoio à Flávia Borja. No fim do discurso, ela foi abraçada por… pic.twitter.com/GFq4WYVKg2
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“Meu presidente, eleito por meu voto, o senhor está nessa cadeira com o meu voto. Tive muita resistência de confiar, mas a presidente Nely pediu um voto de confiança. Dei o voto de confiança. O senhor falou que tenho um preço estampado na testa. Queria perguntar quanto o senhor pagou para que eu te desse o voto de confiança? É questão de preço? Chorei muito nesta noite. Nos saímos das nossas disputas pessoais, e o que foi atingido foi Parlamento em uma dúvida pairou acima de qualquer coisa no plenário. Esses comportamentos de desequilíbrio emocional, rompante e ataque de ira precisam acabar. Chega de disseminação do medo nessa Casa, chega de ódio, chega de autoritarismo absolutista”, declarou, em longo discurso, Flávia.
Em resposta, Azevedo afirmou ser “grato ao voto de confiança” da vereadora e classificou a situação como “muito chata”. “Não poderia de jeito nenhum ter misturado as questões políticas e locais com uma questão pessoal, nunca poderia ter ofendido minha colega. Não tenho como desfazer o que fiz, e posso pedir desculpas como fiz ontem”, ponderou. Ele ainda acrescentou que “nada justifica a ofensa” que praticou contra Flávia, mas defendeu que não houve interferência irregular na CPI.
Vereadoras também saíram em defesa a Flávia. Cida Falabella (Psol) disse que o pedido de desculpas do presidente da Câmara é “insuficiente” devido ao tamanho da ofensa. “Infelizmente, o machismo na sociedade exige atenção diária. Ele ataca mulher eleita. Somos só nove mulheres aqui (na Câmara). Essas atitudes nos afastam de lugares de poder. Existem muitas formas de nos silenciar”, lamentou.
Declarações de Gabriel Azevedo
O presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, Gabriel Azevedo (sem partido), reagiu com ataques à sua derrota na CPI da Lagoa da Pampulha, quando uma articulação da base de apoio ao prefeito Fuad Noman (PSD) foi capaz de impedir a votação do relatório final da comissão que pretendia indiciar servidores do primeiro escalão da administração municipal.
A derrota, uma das poucas enfrentadas por Gabriel desde que ele assumiu a presidência do Legislativo municipal, em dezembro do ano passado, teve um alvo principal: o secretário de Governo Josué Valadão, a quem Gabriel disse que irá se referir apenas como "Josué Bandidão".
"É patético ver um secretário que deveria estar na cadeia se sentindo o cardeal Richelieu de Belo Horizonte", disse, em referência ao primeiro ministro do rei Luis XIII, um dos criadores do absolutismo francês.
Gabriel Azevedo ainda chamou o secretário de "bandido", "sem caráter" e "pai do Wellington Magalhães" ex-presidente da Câmara condenado por lavagem de dinheiro e por integrar uma organização criminosa.
O presidente da Câmara estendeu sua revolta a outro vereadores. Ele chamou de "palhaçada" a manobra adotada pelo presidente da CPI da Pampulha, vereador Juliano Lopes (Agir), com quem Gabriel tem um acordo para dividir a presidência do Legislativo no próximo ano. Na última segunda-feira, inclusive, em entrevista à FM O Tempo, o parlamentar reafirmou que cumprirá seu acordo com Lopes.
Ele também atacou a vereadora Flávia Borja (PP), que retirou de pauta o relatório alternativo da comissão. Ele chegou a chamar a vereadora, durante entrevistas e durante fala na CPI de "falsa cristã". "Tem uma parlamentar aqui com preço na testa. Fala de Deus, mas obedece a quem não tem caráter", disse. "Diz que é muito cristã, mas não é. Fariseu. Diz que tem valores, mas se vende", acrescentou Gabriel.
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