A Prefeitura de Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, busca a retomada do diálogo com o governo de Minas, na tentativa de que o Estado aceite rever o traçado do Rodoanel metropolitano, cujo início das obras está previsto para meados de 2025. Segundo o secretário de Ordenamento Territorial e Habitação do município, Marco Túlio de Freitas Rezende Lara, Betim é a favor da futura rodovia, mas não abre mão de que o desenho da nova estrada seja repensado, a fim de minimizar impactos sociais e aumentar a atração de investimentos para cidade e para outros municípios vizinhos.  


Segundo Lara, o governo Zema já teria feito um aceno sobre a possibilidade de considerar as reivindicações das cidades diretamente afetadas pelo atual traçado do Rodoanel. “Estive, recentemente, dentro de uma reunião do Conselho Metropolitano, e pude conversar com o secretário de Estado de Infraestrutura e Mobilidade, Pedro Bruno, e ele se colocou à disposição para retomar uma conversa. A gente sabe que (a obra) já está licitada, a empresa está contratada, só que há de se ter uma defesa intransigente em cima do interesse público. O traçado proposto pelo Estado para a construção do Rodoanel passa em cima de milhares de casas”, afirmou Lara, nesta quinta-feira, em entrevista ao Café com Política, da FM OTEMPO 91,7


O secretário ressaltou que Betim não é contra a construção do Rodoanel, por considerar que o Anel de Belo Horizonte já não comporta o tráfego atual, colocando em risco a vida dos motoristas. Porém, ele criticou que, além de cortar regiões densamente povoadas, o projeto aprovado pelo governo do Estado não leva em consideração o desenvolvimento econômico de outros municípios da região metropolitana. 


“Não podemos nos esquecer que a origem do recurso para a construção do Rodoanel vem do crime da Vale em Brumadinho e todos os municípios atingidos estão ficando à margem da discussão do Rodoanel. De maneira resumida, a proposta do município de Betim colocaria Mário Campos, Sarzedo, Esmeraldas, Juatuba muito próximos das BRs 040, 262, 381, do aeroporto de Confins, do aeroporto de Betim que está em construção, do terminal de cargas de Sarzedo e do porto seco de Betim. Seria uma excelente oportunidade para o Estado oferecer a esses municípios uma possibilidade de crescimento e desenvolvimento, já que eles têm uma dificuldade muito grande de acesso para veículos de grande porte”, defendeu Lara.

Entenda 

O Rodoanel tem sido tratado como um dos principais projetos de infraestrutura da gestão de Romeu Zema (Novo). Orçada em R$ 5 bilhões, a concessão – assinada em 2023 – prevê 100 quilômetros de malha rodoviária, que  vai passar por 11 cidades: Sabará, Santa Luzia, Vespasiano, São José da Lapa, Pedro Leopoldo, Ribeirão das Neves, Contagem, Betim, Belo Horizonte, Ibirité e Nova Lima.

Apesar da previsão de início das obras para 2025, o traçado final do Rodoanel segue em debate com as prefeituras de Contagem e Betim. Em agosto de 2023, uma nova proposta foi apresentada pelo governo do Estado, mas as mudanças ainda não atendem a todas as demandas feitas pelas administrações municipais. 

Os principais questionamentos feitos à época pelos prefeitos das cidades afetadas foram em relação aos impactos sociais que seriam causados, já que a construção da futura rodovia passaria por áreas densamente povoadas nos dois municípios, além de impactos ambientais, visto que o projeto inicial previa o Rodoanel Metropolitano cortando a área de preservação ambiental da Bacia de Várzea das Flores.