O governador Romeu Zema (Novo) voltou a questionar, nesta sexta-feira (19/7), em café com jornalistas, que não entende por que há uma “verdadeira aversão” em Minas Gerais à proposta de adesão do Estado ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF). Encaminhada à Assembleia Legislativa (ALMG) ainda em 2019, a matéria foi aprovada em 1º turno na última segunda, mas a votação em 2º turno foi adiada para 1º de agosto, novo prazo para que Minas pague a dívida de cerca de R$ 165 bilhões com a União.
Zema lembrou que Estados como o Rio de Janeiro, o Rio Grande do Sul e Goiás estão sob os efeitos do RRF. Lá, segundo o governador, “as coisas estão acontecendo, e os funcionários públicos estão sendo pagos”. Entretanto, em maio passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) atendeu ao pedido do governador do Rio, Cláudio Castro (PL), para congelar as parcelas da dívida com a União nos R$ 4,9 bilhões pagos em 2023 e suspender uma multa imposta pelo Conselho de Supervisão do RRF.
Questionado por que entende que há uma “aversão”, Zema afirmou haver “ignorância de quem não quer saber como ele (o RRF) funciona ou oposição de quem gosta de ver o circo pegar fogo”. A resistência à proposta é uma unanimidade na ALMG, desde o presidente Tadeu Martins Leite (MDB), o Tadeuzinho, que já afirmou que a alternativa do presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD), é “muito melhor”, até deputados da própria base.
Como já mostrou O TEMPO, o governador ainda cobrou “lealdade” de deputados que dizem estar ao seu lado. “Definitivamente, vamos mudar a nossa postura (com a base do governo). Em alguns momentos, você ganha, em outros você perde, mas começaram a se aproveitar e demos um basta. Queremos na nossa base quem está com a gente em todos os momentos. Não me venham se passar por falso amigo", subiu o tom.
Apesar das críticas à resistência ao RRF, Zema voltou a admitir que a alternativa ao RRF capitaneada por Pacheco é melhor. Segundo o governador, assim que a proposta começar a tramitar no Senado, ele e governadores dos Estados do Sul e do Sudeste devem viajar para Brasília em busca de sensibilizar as bancadas federais para votar o projeto “assim que possível”. A expectativa é que o texto comece a tramitar após o recesso parlamentar, na primeira quinzena de agosto.
Procurado, o líder da oposição a Zema, Ulysses Gomes (PT), afirmou que, em vez de trabalhar para resolver “o problema crônico da dívida de Minas”, Zema prefere “transferir culpas” e “espalhar mentiras e contradições”. “Há alguns meses, Zema chamou o RRF de ‘remendo’ e disse que o regime ‘não resolve a dívida’”, apontou o deputado.
O líder da oposição ainda saiu em defesa dos deputados da base do governo, que, segundo, Ulysses, foram chamados de “aproveitadores” porque não quiseram votar “no colapso dos serviços públicos em Minas Gerais”. “A verdade é que Zema não passa de um pobre menino rico que, ao ser contrariado, faz birra e ataca quem o desagrada. Minas não merecia um governador tão mentiroso, ineficiente e sem qualquer habilidade política”, rebateu o deputado.
As jornalistas Cynthia Castro e Marina Schettini participaram do café da manhã com o governador, e ele falou sobre o tema