O governador Romeu Zema (Novo) reconheceu que falta dinheiro para valorizar as polícias e forças de segurança de Minas Gerais. Em entrevista nesta segunda-feira (17 de dezembro), ele avaliou que a situação da dívida mineira deixou o Estado com “seríssimos problemas financeiros”, mas que a aprovação do Propag, programa do governo federal para renegociar dívidas dos Estados com a União, deve melhorar o quadro geral e permitir mais investimentos.

“Estamos avaliando o que é possível fazer (para valorizar as forças de segurança); queremos fazer o que estiver ao nosso alcance, mas eu saliento aqui, todos sabem que nós somos ainda um Estado que enfrenta seríssimos problemas financeiros, mas com o Propag, e aqui eu deixo um agradecimento ao senador Rodrigo Pacheco e à Assembleia Legislativa, que também ajudou na elaboração, nós teremos a solução definitiva”, reconheceu.

O governador mineiro fez uma comparação entre a situação do governo e os gastos de uma família para explicar a gravidade da situação em Minas. “Até hoje, o que tem se feito é empurrar o problema com a barriga. E esse problema só tem crescido. A arrecadação de minas nos últimos 20, 30 anos, cresceu numa velocidade muito menor do que o serviço da dívida. É como alguém que vai financiar a casa própria, começa pagando hoje 10% do salário, daqui a 15 anos está pagando 50% do salário. O que aconteceu com Minas foi isso devido a essa taxa de juros alta que sempre foi cobrada do Estado”, disse.

Reaproximação

O aceno às forças de segurança pública é um gesto aos servidores da área. O governador frequentemente é alvo dos representantes das forças de segurança. Ainda em seu primeiro mandato ele foi acusado de não cumprir um acordo firmado para reajustar os salários dos servidores da área em 42%.

A falta de investimentos, especialmente na polícia civil, foi alvo de uma crítica do deputado estadual Sargento Rodrigues (PL), presidente da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, em entrevista ao Café com Política de O TEMPO; na ocasião o parlamentar disse que Zema dá uma “banana” à segurança, em alusão a um vídeo do governador comendo a fruta ainda com casca para criticar a alta nos preços dos alimentos.

Apesar de reconhecer as dificuldades, Zema comemorou o resultado em indicadores de segurança em Minas. “Reduzimos a criminalidade, nesses seis anos da nossa gestão, mais de 50% de queda em crimes violentos, em diversos tipos de delito. O que demonstra que estamos no caminho certo”, afirmou o governador. Ele ainda destacou a diminuição de 20% nos casos de feminicídio em Minas.

Violência contra mulheres

A fala de Romeu Zema foi feita durante a inauguração do Departamento Estadual de Investigação, Orientação e Proteção à Família (Defam), oficialmente inaugurado na nova sede, no bairro Barro Preto, em Belo Horizonte, nesta segunda-feira. Zema disse que o Estado tem se esforçado para ampliar e melhorar o atendimento às mulheres vítimas de violência e pediu a todos para denunciar os casos de agressões. “Um tapa hoje pode virar um feminicídio daqui um ano”, disse.

O governador, no entanto, destacou que é preciso também mudanças na legislação para aumentar a segurança das mulheres. “Precisamos de uma ajuda do Congresso, que precisa aprimorar as nossas leis. Hoje no Brasil temos a reincidência em vários tipos de crimes, porque os criminosos são liberados e ficam aptos a atuar novamente e repetir o mesmo delito. Porque nosso sistema não pune de maneira adequada”, afirmou.