Aliado e ex-ministro de Jair Bolsonaro, o senador Marcos Pontes (PL-SP) disse em Washington, capital dos Estados Unidos, que a situação jurídica do ex-presidente não pode ser negociada com taxação aos produtos brasileiros.

“Todo mundo sabe que eu defendo o presidente Bolsonaro, defendo a liberdade no Brasil, mas esse é um ponto que não vai ser modificado através de taxação, através de tarifa”, afirmou Pontes em entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira (30).

Ele integra a comitiva de oito senadores brasileiros que iniciaram agenda de compromissos em Washington na segunda (28/7) no intuito de abrir diálogo sobre o tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O grupo encerrou os trabalhos nesta quarta. 

Pontes afirmou ter deixado claro a parlamentares e empresários norte-americanos, com quem se encontrou nos últimos dias, ser contra misturar questões políticas e econômicas, como fez o presidente dos EUA, Donald Trump. 

Ao anunciar, em 9 de agosto, a aplicação da tarifa de 50%, que devem entrar em vigor nesta sexta-feira (1º/8), o republicano criticou uma suposta “caça às bruxas” contra Bolsonaro, réu em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) por suposta tentativa de golpe em 2022.

Filho do ex-presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que deixou o Brasil em março, já afirmou diversas vezes que o tarifaço só será revogado se o STF não condenar o pai dele e anistiar todos os envolvidos na suposta trama golpista e em ações como as ocorridas em 8 de janeiro de 2023.

Jaques Wagner defende encontro entre Lula e Trump

Um dos integrantes da comitiva de senadores, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT), afirmou, também na coletiva desta quarta, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está disposto a debater com Trump uma saída para as tarifas impostas a produtos brasileiros.

“Ele (Lula) já disse: ‘Não tenho problema em conversar’. E não tem mesmo. (...) Se depender do lado brasileiro, para tratar coisas que esse grupo não tem como tratar. As outras questões levantadas, Brics, é uma questão que pode ser debatida em um encontro bilateral. Só não vou dizer que vamos debater a questão do Judiciário, porque no nosso país, as coisas são independentes. Podemos até conversar, mas não mandamos no Judiciário. A possibilidade está aberta, é só organizar”, disse Wagner.

O senador defendeu que a conversa seja presencial, o que dificultaria sua realização antes de 1° de agosto, quando a nova taxação entra em vigor. Segundo ele, caberá às diplomacias dos dois países combinarem as condições de uma eventual conversa.

“Já falei ao presidente Lula que falou que quer ser respeitado. Uma coisa dessa precisa ser preparada. É a diplomacia americana com a diplomacia brasileira. Uma visita presidencial seguramente não acontecerá até 1° de agosto e não acho que essas coisas se resolvam por telefone”, acrescentou Wagner.

Lula afirmou, em entrevista ao jornal The New York Times (NYT) publicada nesta quarta-feira, que trata com “máxima seriedade” o anúncio de tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil, mas que isso não significa “subserviência”.

“Tenham certeza de que estamos tratando isso com a máxima seriedade. Mas seriedade não exige subserviência. Trato todos com muito respeito. Mas quero ser tratado com respeito”, afirmou Lula ao periódico norte-americano.