BRASÍLIA - O ex-presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira (PP-AL) criticou nesta terça-feira (5/8) a prisão domiciliar e as medidas cautelares determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
"O Brasil precisa tratar melhor seus ex-presidentes. Tenho dito e defendido isso há muito tempo. As medidas aplicadas a Jair Bolsonaro são exageradas e acirram os ânimos em um país já polarizado que, na verdade, precisa de paz e estabilidade para progredir", escreveu no X.
Lira completou: "Quando o ambiente é de insegurança jurídica e instabilidade política, a economia sofre. Quem paga essa conta é o povo. Quem perde é o Brasil".
Senadores e deputados de oposição protestam nesta terça-feira, no Congresso Nacional, contra a prisão domiciliar do ex-presidente. O grupo ainda anunciou que vai passar a obstruir os trabalhos da Câmara e do Senado.
O vice-presidente da Câmara, deputado Altineu Côrtes (PL-RJ), ameaçou colocar a anistia para envolvidos nos atos de 8 de janeiro para votação na ausência do presidente Hugo Motta (Republicanos-PB). Altineu era líder da bancada do Partido Liberal (PL) até assumir o cargo na direção da Câmara em fevereiro deste ano, e é quem detém o poder sobre a pauta quando Motta não está. O presidente da Câmara cumpre agenda na Paraíba, seu estado natal.
Entenda decisão de Moraes sobre prisão de Bolsonaro
Na segunda-feira (4/8), Moraes ordenou a prisão domiciliar de Bolsonaro, alegando que o ex-presidente descumpriu medidas cautelares. Além da prisão, o magistrado determinou a apreensão de celulares na casa do ex-presidente e proibiu visitas. A Polícia Federal fez buscas no local e recolheu um aparelho celular.
A decisão ocorreu no âmbito do inquérito que investiga a atuação do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos e as suspeitas dos crimes de coação, obstrução e abolição do Estado democrático de direito que recaem sobre ele.
Na decisão, Moraes citou que Bolsonaro veiculou conteúdo nas redes sociais dos filhos, no domingo (3/8), com “claro conteúdo de incentivo e instigação a ataques ao Supremo Tribunal Federal e apoio ostensivo à intervenção estrangeira no Poder Judiciário brasileiro”.
"O réu Jair Messias Bolsonaro se dirigiu aos manifestantes reunidos em Copacabana, no Rio de Janeiro, produzindo dolosa e conscientemente material pré-fabricado para seus partidários continuarem a tentar coagir o Supremo Tribunal Federal e obstruir a Justiça, tanto que o telefonema com o seu filho Flávio Nantes Bolsonaro foi publicado na plataforma Instagram", justificou o magistrado.
Proibido de sair de casa aos finais de semana, o ex-presidente acompanhou por videochamadas parte dos atos que aconteceram em várias cidades do país na manhã de domingo. Em vídeos divulgados por sua equipe, Bolsonaro aparece nos arredores da piscina de sua casa, em Brasília, conversando com sua base.
"Não seria lógico e razoável permitir a utilização do mesmo modus operandi criminoso com diversas postagens nas redes sociais de terceiros, em especial por 'milícias digitais' e apoiadores políticos previamente coordenados para a divulgação das condutas ilícitas que, eventualmente, poderiam ser praticadas por Jair Messias Bolsonaro", escreveu Moraes.
Condutas, segundo o ministro, "sejam em entrevistas, sejam em atos públicos, mas sempre com a finalidade de continuar a induzir e instigar chefe de Estado estrangeiro a tomar medidas para interferir ilicitamente no regular curso do processo judicial, de modo a resultar em pressão social em face das autoridades brasileiras, com flagrante atentado à soberania nacional".
Uma dessas postagens ocorreu no domingo (3/8) na conta do filho e senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que, em seguida, apagou a publicação.
"O flagrante desrespeito às medidas cautelares foi tão óbvio que, repita-se, o próprio filho do réu, o senador Flávio Nantes Bolsonaro, decidiu remover a postagem realizada em seu perfil, na rede social Instagram, com a finalidade de omitir a transgressão legal", afirmou o ministro.