BRASÍLIA - O líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias, criticou a estratégia de obstrução da oposição para impedir o início da sessão no plenário nesta terça-feira (5/8) e intensificar a pressão sobre o presidente da Casa Legislativa, Hugo Motta (Republicanos-PB), para ele pôr em votação o projeto de lei da anistia.
"É uma chantagem contra o país. Eles estão ameaçando o Brasil em relação às tarifas e agora querem parar as atividades legislativas", criticou. A declaração de Lindbergh é uma resposta à principal medida adotada pela oposição: no início da tarde, os deputados do PL e de partidos aliados se sentaram à mesa da Câmara.
O líder avaliou que se trata de um sequestro do plenário. "É uma desmoralização do Congresso. Todos os nossos parlamentares que estavam inscritos para falar foram proibidos. Estamos aguardando a chegada do presidente da Câmara para restabelecer a ordem", completou.
Lindbergh recorreu, mais cedo, a Motta, que cumpriu agenda na Paraíba pela manhã. "É inadmissível que queiram parar à força o trabalho do Parlamento. Não vamos aceitar", completou. O presidente optou pelo silêncio até a tarde desta terça-feira e ainda não reagiu às provocações e ameaças da oposição. A situação escalou a tal ponto que o vice-presidente da Câmara, deputado Altineu Côrtes (PL-RJ), ameaçou pôr a anistia em votação na ausência de Hugo.
"Como primeiro vice-presidente da Câmara e do Congresso, sempre busquei equilíbrio e diálogo, e sempre respeitei o presidente Hugo Motta, que decide a pauta", afirmou nesta manhã. "Diante dos fatos que se apresentam, quero registrar que, no primeiro momento em que eu exercer a presidência plena da Câmara dos Deputados, portanto, quando o presidente Hugo Motta se ausentar do país, eu irei pautar a anistia", acrescentou.
Cassação de Eduardo Bolsonaro
Lindbergh lembrou que a cassação do mandato do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) é uma prioridade para governistas. O líder do PT é autor de uma série de representações no Conselho de Ética pelo fim do mandato de Eduardo. A licença pedida por ele à Câmara terminou em julho, e o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) começou a tomar faltas por ausência nesta terça-feira.
"Para nós, é inadmissível que o Eduardo Bolsonaro continue como deputado em exercício", afirmou. Ele pediu, ainda, celeridade no processo para cassação do mandato de Carla Zambelli (PL-SP), hoje presa na Itália à espera de extradição.
Contra anistia, PT recorre a apoio popular para votar isenção do IR
Enquanto a oposição engrossa o coro pela aprovação da anistia para beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o PT quer recorrer a pautas de apoio popular como o projeto de lei para isentar do Imposto de Renda (IR) quem ganha até R$ 5 mil por mês.
"O Brasil tem pressa, e nós temos duas prioridades: votar a isenção para quem ganha até R$ 5 mil e a taxação dos super-ricos", expôs. "A gente sabe que eles se opõem a esse projeto, mas, nós temos certeza que tem maioria consolidada para aprovarmos esse projeto", afirmou Lindbergh. "A pauta deles é uma chantagem. E não é a nossa pauta", concluiu.