Congresso Nacional

Torres aponta falha em plano de segurança no 8 de janeiro: 'Faltou policial'

O ex-secretário de Segurança do DF contou ter assinado o Plano de Ações Integradas na tarde de 6 de janeiro, antes de viajar de férias com a família

Por Lucyenne Landim
Publicado em 08 de agosto de 2023 | 11:27
 
 
 
normal

O ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, Anderson Torres, afirmou que houve uma "falha gave" de cumprimento do Plano de Ações Integradas (PAI) que poderia ter evitado a depredação das sedes dos Três Poderes em Brasília (DF), em 8 de janeiro. Ele falou nesta terça-feira (8) em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos criminosos.

Torres disse ter assinado o documento detalhado sobre o plano de segurança às 15h28 de 6 de janeiro, antes de viajar de férias com a família para os Estados Unidos - local onde estava no momento das invasões. O documento, segundo ele, tinha informações que chegavam sobre a atuação de manifestantes, especialmente os que estavam acampados em frente ao Quartel-General do Exército.

Não houve, de acordo com Torres, informações sobre a chegada de dezenas de ônibus à capital federal, com manifestantes de outros estados, para um ato de "tomada de poder", como havia sido denominado. "Não recebi qualquer informação sobre a possibilidade de atos violentos no dia 8", disse.

O ex-secretário recuou ao ser questionado sobre qual teria sido a falha no PAI - que previa o fechamento da Esplanada dos Ministérios diante de ameaças - e disse que esse deveria ser o objeto da investigação. Com a insistência da pergunta, respondeu: "Eu acredito, pelo que eu vi nas imagens, que faltou policial [nas ruas]."

Torres declarou, ainda, que não houve "omissão" da Secretaria de Segurança Pública. "O que posso afirmar com toda segurança é que houve falha grave na execução do PAI. Se tivessem cumprido à risca o plano, os atos de vandalismo do dia 8 de janeiro não teriam sido consumados", declarou. Depois, questionado pelo deputado Rogério Correia (PT-MG), negou ter recebido um documento da inteligência da SSP-DF de alerta sobre eventuais ações violentas.

Anderson Torres era secretário de Segurança Pública do Distrito Federal no dia dos ataques às sedes dos Três Poderes. Antes, foi ministro da Justiça do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em 8 de janeiro, ele estava em viagem aos Estados Unidos. Torres foi preso ao desembarcar no Brasil, em 14 de janeiro, e está em liberdade provisória desde 11 de maio, por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Anderson Torres é um dos principais alvos das investigações sobre o 8 de janeiro. Em 12 de janeiro, a Polícia Federal encontrou na casa dele uma minuta de golpe, inconstitucional, com o rascunho de um decreto que permitiria a Jair Bolsonaro, quando ainda era presidente, instaurar estado de defesa na sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) após sua derrota nas urnas para o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

No depoimento à CPMI, Torres afirmou que a "minuta de golpe" fazia parte da "coleção de absurdos" que detentores de cargos públicos recebem. Ele classificou o documento como "fantasioso", uma "aberração jurídica" e "imprestável para qualquer fim", e que não foi descartado por "mero descuido".

Torres compareceu à CPMI na condição de testemunha. Antes, conseguiu uma decisão de Moraes, no STF, para permanecer em silêncio em perguntas que possam autoincriminá-lo. Ele também foi proibido de ter qualquer contato com os senadores Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Marcos do Val (Podemos-ES), por "evidente conexão dos fatos em apuração e as investigações das quais ambos fazem parte".

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!