BRASÍLIA - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, chamou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), de “vassalo” devido à posição dele sobre a tarifa de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aos produtos brasileiros.

“Ele errou muito, porque ou uma pessoa é candidata a presidente da República, ou é a candidata a vassalo. E não há espaço no Brasil para vassalagem, desde 1822 isso acabou. O que está se pretendendo aqui? Ajoelhar diante de uma agressão unilateral, sem fundamento econômico e político?”, contestou Haddad, em entrevista a portais de esquerda.

Apontado como possível candidato ao Planalto em 2026 com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Tarcísio elogiou, na segunda-feira (7) as críticas de Trump ao Supremo Tribunal Federal (STF), quando o líder americano classificou o processo contra Bolsonaro de “caça às bruxas”.

Já nesta quarta-feira (9), após Trump import a tarifa de 50% às exportações brasileiras, o governador de São Paulo apontou o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como responsável pela decisão.

“Lula colocou sua ideologia acima da economia, e esse é o resultado. Tiveram tempo para prestigiar ditaduras, defender a censura e agredir o maior investidor direto no Brasil. Outros países buscaram a negociação. Não adianta se esconder atrás do Bolsonaro. A responsabilidade é de quem governa. Narrativas não resolverão o problema”, publicou Tarcísio nas redes sociais.

Nesta quinta-feira (10), Haddad culpou a família Bolsonaro pelas tarifas impostas por Trump, acusando o ex-presidente e seus filhos de terem “gestado” a medida do Brasil. Para o ministro, porém, a taxação é “insustentável” e não deve se manter.

Rui Costa também critica Tarcísio

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, destacou que a tarifa vai penalizar a agroindústria paulista e que Tarcísio "defende" a medida do governo americano "em vez de defender a população do seu estado e do Brasil como nação".

"É curioso: liderar a maior economia do país e, ao mesmo tempo, apoiar medidas que encarecem  produtos e prejudicam a economia nacional. A atitude do presidente Trump mina a competitividade dos produtos que sustentam milhares de empregos em São Paulo", publicou o ministro.

"Liderança, governador, se exerce com coragem. É compreensível que queira agradar ao ex-presidente a quem serviu como ministro, mas quem valoriza São Paulo não apoia medidas absurdas, ilegais e imorais impostas por estrangeiros", concluiu Rui Costa.

O anúncio de Trump ocorre em meio a um período de tensão política entre os dois países. Nos últimos dias, o presidente dos EUA saiu em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao afirmar ele é alvo de uma 'caça às bruxas'. Bolsonaro é réu no STF por suposta tentativa de golpe de Estado para continuar no poder depois de ter perdido as eleições em 2022.