BRASÍLIA – O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) disse, em entrevista ao jornal britânico Financial Times, que o governo dos Estados Unidos provavelmente vão impor novas sanções a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) em função do julgamento do seu seu pai, Jair Bolsonaro (PL) por suposta tentativa de golpe de Estado.
“Eu sei que (Donald Trump) tem uma série de possibilidades sobre a mesa, desde sancionar mais autoridades brasileiras, até uma nova onda de revogação de vistos, até questões tarifárias”, disse Eduardo em entrevista publicada pelo Financial Times na segunda-feira (11/8).
Eduardo tem liderado uma campanha em Washington por medidas dos EUA contra o STF e o governo brasileiro para salvar seu pai de uma sentença de prisão se for considerado culpado por conspirar para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), após derrota nas urnas em 2022.
O deputado brasileiro se reuniu com funcionários da administração Trump e previu corretamente no início deste ano que Washington imporia sanções abrangentes. Além das punições a ministros do STF, Trump impôs tarifas de 50% a produtos brasileiros citando o julgamento de Bolsonaro.
Eduardo diz que mulher de Moraes pode ser alvo de sanções
Alexandre de Moraes foi sancionado com a perda de seu visto e com a aplicação da Lei Magnitsky, que pune estrangeiros acusados de corrupção ou de graves violações de direitos humanos.
Outros sete ministros do STF também tiveram seus vistos suspendidos anteriormente, além de Paulo Gonet, procurador-geral da República. A lista inclui Luís Roberto Barroso (presidente da Corte), Edson Fachin, Dias Toffoli, Cristiano Zanin, Flávio Dino, Cármen Lúcia e Gilmar Mendes.
Apesar das medidas, os ministros já declararam que nada mudará no julgamento de Jair Bolsonaro e aliados. Segundo Eduardo, “Moraes queimou todas as suas opções” e que Trump, “ainda não”. “Trump ainda tem a opção de dobrar sua aposta com base na reação de Moraes”, disse.
Entre as possíveis retaliações, o deputado cita a chance de sanções contra a esposa de Moraes, a advogada Viviane Barci, que Eduardo Bolsonaro classifica como “braço financeiro” do ministro do STF.
“Acredito que pode haver uma resposta forte dos EUA, talvez sancionando a esposa de Alexandre de Moraes, que é seu braço financeiro”, prosseguiu. “Talvez uma nova onda de revogações de vistos, [aqueles] de aliados de Alexandre de Moraes”, completou o deputado.
Em julho, Eduardo criticou uma possível bloqueio das contas bancárias de sua esposa, Heloísa Bolsonaro. “Minha esposa, Heloísa, que não é política, nem milita nesta área, teve suas contas bancárias bloqueadas sem qualquer justificativa legal. Trata-se provavelmente de mais um ato arbitrário ordenado por Alexandre de Moraes”, afirmou.
A ameaça de novas retaliações já havia sido estendida a aliados de Moraes na semana passada, em publicação feita pela Embaixada dos EUA no Brasil. O próprio Eduardo também falou de eventuais sanções ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-SP), e ao ministro Gilmar Mendes, decano do STF.
Deputado promete pedir sanções também à União Europeia
Ao Financial Times, Eduardo declarou que planeja viajar para a Europa com o intuito de apresentar aos parlamentares europeus as sanções já impostas pelos EUA e buscar apoio para medidas semelhantes na União Europeia.
“Eu quero levar as sanções dos EUA à atenção dos parlamentares europeus para que ele [Alexandre de Moraes] possa ser sancionado lá”, afirmou.
“Por exemplo, o líder do Chega, que agora é o segundo maior partido em Portugal, André Ventura, disse que também quer impedir Alexandre de Moraes de entrar em Portugal e congelar quaisquer bens que ele possa ter lá, com base nas leis de direitos humanos”, afirmou.
A entrevista foi publicada por volta das 7 horas de segunda-feira. À tarde, Eduardo Bolsonaro negou ter atuado para o cancelamento de uma reunião entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, para discutir as sanções contra produtos brasileiros.
O Financial Times destacou que, no Brasil, a campanha de Eduardo tem sido alvo de críticas. Sobre as acusações de ser antipatriótico, o deputado afirmou estar agindo para “salvar a democracia”.