BRASÍLIA – O Superior Tribunal de Justiça (STJ) afastou do cargo o governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos), nesta quarta-feira (3/9), após ele ser alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) que mira fraudes em compras de frangos e cestas básicas durante a pandemia de Covid-19.
Agentes da PF foram às ruas nesta quarta-feira para cumprir 51 mandados de busca e apreensão e medidas cautelares contra os alvos, em Brasília, Palmas (TO), Araguaína (TO), Imperatriz (MA) e João Pessoa (PB).
A decisão de afastar Barbosa partiu do ministro Mauro Campbell do STJ. Ela tem um prazo inicial de seis meses e deve ser levada nesta quarta-feira aos demais ministros da Corte Especial do STJ para ser referendada.
Barbosa não havia se pronunciado até a mais recente atualização desta reportagem. Com o afastamento, assume o cargo o vice-governador Laurez Moreira (PSD).
A ação desta quarta-feira é a segunda fase da Operação Fames-19, que visa aprofundar as investigações sobre o desvio de recursos públicos voltados ao enfrentamento da pandemia de Covid-19, incluindo verbas destinadas à aquisição de cestas básicas.
As investigações, que tramitam sob sigilo no STJ, apontam fortes indícios de um esquema de desvio de recursos públicos entre 2020 e 2021, período em que os investigados teriam se aproveitado do estado de emergência em saúde pública e assistência social para fraudar contratos de fornecimento de cestas básicas.
Segundo a PF, foram pagos mais de R$ 97 milhões em contratos para fornecimento de cestas básicas e frangos congelados, com prejuízo estimado superior a R$ 73 milhões aos cofres públicos. Os valores teriam sido ocultados por meio da construção de empreendimentos de luxo, compra de gado e pagamento de despesas pessoais dos envolvidos.
Wanderlei Barbosa já tinha sido alvo de busca e apreensão na primeira fase da Operação Fames-19. Ele era vice-governador da gestão anterior e assumiu o governo em março de 2022, após a renúncia de Mauro Carlesse. Foi então reeleito para o posto nas eleições daquele ano.
Já Carlesse ficou mais de dois meses preso por suspeita de planejar fuga para o exterior e conseguiu a liberdade após uma liminar do STJ, em março. Ele é investigado por desvios de dinheiro, fraudes de licitação e outros crimes.