O delegado afastado da Polícia Civil Rafael de Souza Horácio, acusado de matar a tiros o motorista de caminhão de reboque Anderson Cândido de Melo, prestou depoimento na noite desta terça-feira (29) durante a fase de instrução do processo, iniciada em 9 de novembro. Agora, defesa e acusação terão 48h de prazo para apresentarem as alegações finais. 

Após essa etapa, a Justiça definirá se Rafael de Souza Horácio será julgado pelo Tribunal do Júri, órgão do poder judiciário com a competência para julgar os crimes dolosos, ou intencionais, contra a vida. O crime ocorreu em 26 de julho, na avenida do Contorno, no centro de Belo Horizonte, após uma briga de trânsito.

O depoimento do delegado, inicialmente, estava previsto para o último dia 10. Contudo, a defesa solicitou que a fala só ocorresse após a reprodução simulada do crime. A reconstituição do crime ocorreu no último dia 20

Durante o depoimento nesta terça, o delegado reforçou a versão de que o reboqueiro avançou o caminhão contra ele e que, por reflexo, atirou contra Anderson. 

Pedido de liberdade negado 

No último dia 21, a juíza Bárbara Heliodora Quaresma Bomfim, negou mais um pedido de revogação da prisão preventiva do policial, que está preso desde 30 de julho. A defesa dele alegou excesso de prazo para finalizar a instrução criminal, argumentando que o delegado está preso a mais de 100 dias e que todas as testemunhas foram ouvidas. 

O Ministério Público se posicionou contra o pedido de liberdade provisória. Segundo o MP, foi a própria defesa do delegado que solicitou que o policial fosse interrogado pela Justiça após a reconstituição do crime.

A juíza Bárbara Heliodora entendeu que, após a instrução parcial do processo, não existem fatos novos “capazes de alterar as razões que embasaram a decretação da prisão preventiva do acusado e permitissem a revogação de sua segregação cautelar”. Por isso, a magistrada indeferiu o pedido de revogação da prisão preventiva.

Na denúncia, o MPMG afirma que o crime foi cometido por motivo fútil mediante a insatisfação do delegado quanto à manobra de trânsito e dificultou a defesa de Anderson, já que ele foi baleado de forma repentina e logo após ter tido a passagem obstruída pelo delegado.

Relembre 

O desentendimento ocorreu no Viaduto Oeste, no Complexo da Lagoinha. Informações levantadas por O TEMPO com fontes no local dos disparos indicam que o delegado estava em uma viatura descaracterizada quando teria sido fechado pelo caminhão, o que deu início a uma discussão.

Após algum tempo, o policial teria fechado o reboque da vítima e efetuado o disparo, que atingiu o pescoço do homem. Ao perceber que tinha acertado o motorista, o próprio autor do disparo acionou a Polícia Civil e a perícia técnica compareceu ao local, fazendo os levantamentos iniciais na cena do crime.

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