A prefeita de Juiz de Fora, Margarida Salomão (PT), afirmou que o Executivo municipal tem interesse em assumir parte dos ativos estaduais da cidade oferecidos ao governo federal no contexto do Programa de Pleno Pagamento da Dívida (Propag). Entre os imóveis, estão o Instituto Cândido Tostes e o Expominas da cidade. Margarida comentou sobre a relação com a gestão Romeu Zema (Novo) durante entrevista ao programa Café com Política, exibido no canal no YouTube de O TEMPO nesta quarta-feira (25 de junho).
Na lista de imóveis entregue pelo Governo de Minas à ALMG para abatimento da dívida do Estado com a União, há seis prédios localizados em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira. Entre eles, a Sede do Instituto de Laticínios Cândido Tostes, a Ceasa, a Superintendência Regional de Saúde e o Expominas.
A prefeita Margarida disse estar acompanhando a situação da dívida de Minas, que, atualmente, está em cerca de R$ 165 bilhões. Ela explica que, apesar do Município não ter sido convidado a participar das discussões, tem interesse em alguns equipamentos listados para serem entregues à União, como o Expominas e o Instituto Cândido Tostes, que promove pesquisa e formação para a indústria de laticínios.
“Havendo avanços, vamos nos manifestar junto ao governo federal para que alguns desses bens venham a ser geridos pela Prefeitura de Juiz de Fora”, afirma Margarida.
Hospital Regional de Juiz de Fora
Atualmente, a Prefeitura de Juiz de Fora e o Governo de Minas vivem uma indefinição em relação às obras do Hospital Regional da cidade. O equipamento hospitalar começou a ser construído em 2009, mas as obras seguem paralisadas desde 2017, quando o governo de Fernando Pimentel (PT) afirmou não ter mais recursos.
Posteriormente, a gestão de Zema reprovou uma prestação de contas do município por supostas irregularidades nas obras, o que levou a um acordo entre o Governo de Minas e a Prefeitura de Juiz de Fora em 2022. No caso, o Executivo municipal transferiu o terreno do Hospital Regional ao Estado.
Na campanha para reeleição de 2022, o governador Romeu Zema tinha como promessa a conclusão e início da operação – ainda no atual mandato – de seis hospitais regionais no estado, entre eles, o de Juiz de Fora. Entretanto, desde o ano passado, o Governo de Minas afirma que não dará continuidade às obras e que os recursos de R$ 150 milhões, que seriam usados para finalização do equipamento de saúde, teriam outra destinação no município.
Durante entrevista ao programa Café com Política, a prefeita Margarida Salomão disse estar “decepcionada” com a condução do Executivo estadual da questão envolvendo o Hospital Regional, considerando que a gestão de Zema não estaria cumprindo a outra parte do acordo, que seria destinar os R$ 150 milhões para finalização das obras.
“Eu acho que, quando dois participam de um acordo, é esperado que ambos cumpram a sua parte. O município cumpriu a sua, fazendo a doação do terreno ao Estado. Agora, espera-se que o Estado cumpra sua palavra, construindo o Hospital Regional”, diz a prefeita. “Na política, a gente deve sempre imaginar que o outro vai cumprir a palavra empenhada. Isso é a nossa garantia de civilidade, de confiança, sem a qual nenhum entendimento político é possível. Então, ficamos decepcionados”, afirma.
Questionada sobre a relação com Zema, de forma geral, Margarida diz que a mesma é “institucional”.
“Sabemos que tanto o governador Zema quanto eu militamos em campos políticos distintos. Mas eu estou aqui como prefeita de Juiz de Fora, não como militante. E ele, da mesma forma. A minha expectativa é que ele sempre aja como governador do Estado e não como uma pessoa que subscreve esta ou aquela preferência política. Então, em termos institucionais, nossas relações são mantidas de forma harmoniosa e buscando sempre o entendimento a favor da maioria da população”, pontua.