O vereador de Belo Horizonte Bruno Pedralva (PT) classificou o prefeito Álvaro Damião (União) como alguém do campo democrático, embora de centro-direita. Conforme o parlamentar, a bancada do PT na Câmara Municipal mantém um posicionamento independente da gestão municipal, apoiando o chefe do Executivo em pautas importantes para a cidade e criticando-o quando necessário. Em entrevista ao programa Café com Política, exibido no canal no YouTube de O TEMPO nesta quinta-feira (31 de julho), Pedralva defendeu que possíveis mudanças no Plano Diretor - um desejo de Damião - sejam discutidas com a população belo-horizontina.
Para o vereador, o posicionamento de Damião à frente da Prefeitura de Belo Horizonte é semelhante ao de Fuad Noman e ao do senador Rodrigo Pacheco (PSD), que não são de esquerda, mas que defendem pautas democráticas.
“Um governo de centro-direita, mas do campo democrático. O Álvaro Damião não é um bolsonarista. Isso é muito bom na conjuntura atual, porque, afinal de contas, o grande câncer do Brasil hoje é o bolsonarismo”, afirmou, citando, como exemplo, a postura das figuras políticas da direita em relação às taxas impostas aos produtos brasileiros pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Conforme Pedralva, não é possível "trazer" Damião para a esquerda por conta de diferenças de posicionamentos que, eventualmente, ocorrem. Ele afirma que há espaço para diálogo na prefeitura, mas que a bancada do PT se mantém independente. O parlamentar cita, por exemplo, o apoio dos petistas à municipalização do Anel Viário e da construção de moradias populares no antigo Aeroporto Carlos Prates, ao mesmo tempo que a bancada se posicionou contra à ida de Damião a Israel, quando o país entrou em conflito com o Irã, e à judicialização da greve dos professores municipais.
“A gente não tem cargos no governo municipal, não tem ninguém indicado ou indicada por nós. Isso nos dá independência para poder criticar o que tem que ser criticado e apoiar o que tem que ser apoiado”, reforça o vereador.
Plano diretor
Por outro lado, o petista tem ressalvas quanto à intenção de Damião de trazer mudanças no Plano Diretor de Belo Horizonte. Entre as ideias do prefeito, está a construção de prédios mais altos na cidade. Conforme noticiado por O TEMPO, o Executivo municipal pretende encaminhar um projeto de lei à Câmara propondo mudança nas normas para reduzir custos de construção, o que ocorrerá via flexibilização da chamada “outorga onerosa”, beneficiando o setor imobiliário.
O vereador Bruno Pedralva, no entanto, defendeu que as mudanças no Plano Diretor de Belo Horizonte só sejam votadas após debate com a sociedade.
“Eu não sou contra a verticalização, mas acho que esse debate não pode atropelar a cidade. A gente vai certamente atuar para que o projeto só seja votado depois de escutar a sociedade. Como sempre fizemos”, pontuou o vereador, que defendeu que qualquer mudança seja realizada apenas após a Conferência de Políticas Urbanas prevista para o próximo ano.