BRASÍLIA - Aliados de Jair Bolsonaro (PL) decidiram criar três comissões na Câmara dos Deputados para articular ações da oposição em resposta ao Supremo Tribunal Federal (STF) e às medidas cautelares impostas ao ex-presidente na última sexta-feira (18/7). A opção de criar os grupos para uma ação coordenada é fruto de uma reunião de emergência chamada pelo líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), nesta segunda-feira (21/7).

A primeira comissão tratará da comunicação do núcleo. O deputado Gustavo Gayer (PL-GO) é quem vai presidi-la. O segundo grupo, entregue ao deputado Cabo Gilberto (PL-PB), discutirá as “mobilizações internas na Câmara e no Senado”. “Para as nossas pautas serem finalmente respeitadas por ambos os presidentes da Casas e que possamos votá-las”, declarou Sóstenes. 

A última comissão é comandado pelos deputados Rodolfo Nogueira (PL-MS) e Zé Trovão (PL-SC) e tratará de “mobilizações nacionais”. “Quem vai coordenar a última comissão são os deputados Zé Trovão e Rodolfo Nogueira, porque eles entendem das mobilizações do agro e dos caminhoneiros", explicou o líder do PL. 

Anistia e impeachment de Moraes serão prioridade

A oposição definiu, também na reunião de emergência, que a aprovação do Projeto de Lei (PL) para anistiar os réus do 8 de Janeiro é a "prioridade número um" da bancada na Câmara dos Deputados após as férias. Foi acertado, ainda, que a prioridade no Senado Federal é o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, relator das ações contra Bolsonaro no STF.

Monitorado por tornozeleira eletrônica, Bolsonaro participou do encontro, mas optou por não responder à imprensa por recomendação dos advogados Celso Vilardi e Paulo Cunha Bueno. Apesar da orientação, o ex-presidente quis dar uma declaração na saída do Congresso Nacional enquanto exibia a tornozeleira com a perna suspensa no ar. 

"Não roubei os cofres públicos. Não roubei recursos públicos. Não matei ninguém. Não trafiquei ninguém. Isso [disse apontando para a tornozeleira] é um símbolo da máxima humilhação desse país", declarou. “É uma covardia o que estão fazendo com esse presidente da República”, completou. Antes de encerrar a declaração, ele disse ainda que só responderá “à lei de Deus”.

A pauta-bomba contra o STF é uma resposta à ação da Polícia Federal (PF) e à aplicação de medidas cautelares contra Jair Bolsonaro por determinação da Corte no âmbito do inquérito que investiga a atuação de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos.

Na reunião, ainda ficou definido que a oposição se dividirá em três frentes de atuação. “Todas as nossas ações daqui para frente serão deliberadas por três comissões aqui ditas, organizadas e planejadas”, afirmou o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ).