BRASÍLIA - Agentes da Polícia Federal (PF) passaram seis horas cumprindo um mandado de busca e apreensão no gabinete do deputado federal Júnior Mano (PSB-CE). Eles chegaram ao local por volta de 6h30 desta terça-feira (8), e saíram somente às 12h30, com pelo menos uma maleta e uma mochila.

A operação no local foi comunicada, no início da manhã, ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e foi acompanhado por todo o tempo pela Polícia Legislativa, responsável pela segurança do Congresso Nacional.  

O gabinete de Júnior Mano fica localizado no 8º andar do anexo 4 da Câmara, um prédio com quase a totalidade de seu espaço reservado para as salas de parlamentares. Informações oficiais indicam que o local tem, no máximo, 47 metros quadrados. Ao longo da manhã, equipes operacionais chegaram com escadas para auxiliar nas buscas. 

Júnior Mano foi um dos alvos de 15 mandados de busca e apreensão expedidos pela PF. O apartamento funcional da Câmara em Brasília onde ele mora “emprestado” enquanto estiver no mandato também foi revistado. O deputado estava no local no momento da chegada dos agentes. 

Autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, a operação Underhand foi deflagrada contra uma organização criminosa suspeita de desviar recursos públicos de emendas parlamentares e de fraudar licitações e contratos. 

A suspeita é que tenha havido o direcionamento de dinheiro público a determinados municípios cearenses a partir de contrapartidas financeiras ilícitas, ou seja, pagamentos ilegais. O esquema teria contado ainda com a influência em licitações por empresas vinculadas ao grupo criminoso. Os recursos ilegais teriam sido usados para o financiamento de campanha eleitoral. 

Além de Brasília, a PF saiu às ruas na capital do Ceará, Fortaleza, e em mais quatro cidades do estado: Nova Russas, Eusébio, Canindé e Baixio. Gilmar Mendes também autorizou a abertura de uma investigação específica para identificar a possível participação de outras autoridades com foro privilegiado na destinação e pagamento ilícitos de emendas parlamentares. 

O ministro ainda determinou o bloqueio de R$ 54,6 milhões em contas bancárias de pessoas físicas e jurídicas investigadas. A intenção foi interromper a movimentação de recursos de origem ilícita e preservar valores para eventual reparação aos cofres públicos. Os suspeitos são investigados pelos crimes de organização criminosa, captação ilícita de sufrágio, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica com fim eleitoral. 

Júnior Mano se manifestou por meio de nota divulgada por sua assessoria e afastou qualquer responsabilidade no suposto esquema. Leia a íntegra: 

"O deputado Júnior Mano não tem qualquer participação em processos licitatórios, ordenação de despesas ou fiscalização de contratos administrativos.  

Como parlamentar, o deputado não exerce qualquer função executiva ou administrativa em prefeituras, não participa de comissões de licitação, ordenação de despesas ou fiscalização de contratos administrativos. 

O parlamentar reafirma sua confiança nas instituições, em especial no Poder Judiciário e na Polícia Judiciária Federal, e reitera seu compromisso com a legalidade, a transparência e o exercício probo da função pública. 

Tem plena convicção de que, ao final da apuração, a verdade dos fatos prevalecerá, com o completo esclarecimento das circunstâncias e o reconhecimento de sua correção de conduta".