BRASÍLIA - O líder do Partido Liberal na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), mudou de ideia e apresentou uma representação na corregedoria contra a deputada Camila Jara (PT-MS), que teria agredido o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) na quarta-feira (6/8) durante a desobstrução do plenário.
"Apresentamos hoje à corregedoria da Câmara a representação por quebra de decoro com pedido de suspensão cautelar do mandato", publicou Sóstenes nesta sexta-feira (8/8). "Violência não é argumento. Imunidade parlamentar não é salvo-conduto para agressão", completou. A representação é assinada pelo PL e também pelo Partido Novo; eles são aliados na oposição.
🚨ACABAMOS DE REPRESENTAR A DEPUTADA CAMILA JARA.🚨
— Sóstenes Cavalcante (@DepSostenes) August 8, 2025
A agressão covarde contra o deputado Nikolas Ferreira não ficará impune.
O vídeo mostra tudo:
•Um golpe pelas costas.
•Um deputado caído.
•Uma deputada rindo e zombando depois.
Por isso, apresentamos hoje à Corregedoria da…
A representação contra Camila Jara retrata a mudança na postura do líder do PL. Na quinta-feira (7/8), Sóstenes subiu à tribuna do plenário da Câmara para pedir perdão ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), por conversas que eles tiveram durante a obstrução da oposição. Durante a declaração, o líder disse ter conversado com Nikolas sobre o ocorrido e garantiu que o partido não representaria contra a deputada do PT.
"Acho que muitos colegas aqui, no calor da emoção, seja da esquerda, porque eu vi uma colega da esquerda agredindo o deputado Nikolas. Ela não foi feliz. Nós não estávamos emocionalmente estruturados para aquilo", disse. "E, se depender de mim, presidente, conversei ontem [quarta-feira, 6] com o deputado Nikolas. Se depender do PL, nós não vamos representar contra a deputada da esquerda. Sabe por quê? Porque ela emocionalmente estava como todos nós, inclusive eu", completou.
O pedido de suspensão do mandato da deputada é também uma resposta do PL às representações que os petistas protocolaram contra cinco parlamentares que participaram da obstrução do plenário. As ações são assinadas por PT, PSB e PSOL e têm como alvo os deputados Júlia Zanatta (PL-SC), Marcel Van Hattem (PL-RS), Marcos Pollon (PL-MS), Paulo Bilynskyj (PL-SP) e Zé Trovão (PL-SC).
Os partidos argumentam contra Júlia Zanatta usou a própria bebê como "escudo" no processo de desobstrução do plenário. Eles ainda citam que uma denúncia foi feita também ao Conselho Tutelar por expôr a criança a "ambiente de instabilidade, tensão institucional e risco físico, o que viola o princípio da proteção integral prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)". Contra Marcel Van Hattem a acusação é por ele ter impedido o presidente Hugo Motta de se sentar na cadeira da presidência. "Caracteriza grave desrespeito à figura do deputado, à autoridade do presidente, à cláusula pétrea constitucional da separação dos poderes e da democracia", argumentam os autores da representação.
A acusação contra Pollon é semelhante à de Van Hattem por ele ter se sentado na cadeira do 1º vice-presidente da Câmara, impedindo o início da sessão. As petições contra Bilynskyj e Zé Trovão têm como alvo atitudes dos deputados para impedir o início da sessão. "Zé Trovão impediu fisicamente a subida do presidente da Câmara à cadeira da presidência (...). A barreira foi feita com o próprio corpo, utilizando a perna para obstruir a escada de acesso à Mesa", diz o documento.
O presidente Hugo Motta, antes do início da sessão, ameaçou pedir a suspensão cautelar dos mandatos por seis meses de deputados que impedissem a desobstrução do plenário. Até sexta-feira, ele não indicou se essas punições se confirmarão.
Empurra-empurra no plenário
A oposição acusa a deputada Camila Jara de ter agredido o deputado Nikolas Ferreira durante a retomada do controle do plenário pelo presidente Hugo Motta na quarta-feira à noite. A parlamentar do PT contesta a acusação e garante que não "nocauteou" o colega. A confusão aconteceu durante empurra-empurra no final da sessão, quando Motta se preparava para deixar o plenário. Ele estava cercado por outros deputados que disputavam espaço ao redor dele. Em um momento, Nikolas cai.
O deputado diz ter sido agredido por Camila Jara. Imagens registradas pela Câmara dos Deputados mostram a cena. A deputada nega agressão. "Não houve soco ou qualquer outro ato de violência deliberada, como alardeado nas redes sociais por publicações direcionadas", declarou em nota.