BRASÍLIA. O ex-prefeito de Duque de Caxias e atual secretário de Transportes do Estado do Rio, Washington Reis (MDB), foi o principal alvo da nova fase da Operação Venire, que apura fraudes sobre a inserção de dados falsos de vacinação da Covid-19 em sistemas do Ministério da Saúde. Um dos beneficiados teria sido o ex-presidente Jair Bolsonaro (PF), que já foi indiciado no âmbito dessa investigação.

A primeira fase da operação foi deflagrada em março e os agentes apontaram que servidores públicos do município ajudaram a registrar dados falsos de vacinação de Bolsonaro, de seu ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid, além de familiares de ambos e de seguranças da família do ex-presidente.

Washington Reis foi escolhido para ocupar a Secretaria Estadual de Saúde após seu nome ter sido vetado pela Justiça Eleitoral para a vice da chapa do atual governador Cláudio Castro (PL), que se reelegeu ao cargo em 2022. O motivo foi uma condenação no Supremo Tribunal Federal (STF) por crime ambiental e loteamento irregular.

Segundo o STF, Reis ignorou autos de infração e embargos à uma obra feita em Xerém, cidade onde nasceu, na Baixada Fluminense, em 2003. A construção envolveu corte de vegetação em encostas e em áreas de preservação permanente.

O emedebista foi ex-deputado estadual por três mandatos e ex-deputado federal por duas legislaturas. Em Brasília, foi aliado fiel do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, até o último momento, sendo um dos 8 deputados que votaram contra a cassação de Cunha no Conselho de Ética da Casa.

O político comandou Duque de Caxias pela primeira vez de 2005 a 2008. Depois, retornou ao Executivo municipal em 2017, quando governou o município por cinco anos. Em 2021, gerou polêmica após ter sido o primeiro prefeito do país a desobrigar o uso de máscaras em meio à pandemia, com menos da metade da população local vacinada.

O irmão de Washington Reis, o deputado federal Gutemberg Reis (MDB-RJ), também foi alvo da Operação Venice, em maio deste ano. Ele negou ter cometido irregularidades e disse ter tomado quatro doses da vacina contra a covid-19. O outro irmão, Wilson Reis (MSDB), é o atual prefeito de Duque de Caxias.

Secretária também teria participação

Outro alvo da operação desta quinta-feira (4) é a atual secretária de Saúde de Duque de Caxias, Célia Serrano da Silva. Ela assumiu o cargo em março do ano passado.

Formada em medicina pela Universidade Federal do Estado do Pará (UFPA), Serrano ocupou outros cargos dentro da Secretaria. Foi responsável pelo programa de imunização do município, foi diretora-geral do Hospital Municipal Dr. Moacyr Rodrigues do Carmo e a subsecretária de Vigilância em Saúde.