BRASÍLIA - Jair Bolsonaro repetiu a agenda de dias anteriores e passou a tarde de quinta-feira (24/7) no escritório do Partido Liberal em Brasília. Antes do recolhimento noturno determinado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), ele afirmou que aguardará a avaliação de seus advogados para decidir se fará ou não declarações públicas enquanto pesarem medidas cautelares contra ele.
"Não está claro o que posso ou não posso falar, inclusive no tocante a recortes. Meus advogados são muito bons, renomados, e vão me dar um parecer", disse na saída. "Eles estão analisando. Não posso errar. Gostaria muito de falar com vocês, mas o que vai acontecer depois, a gente não sabe", completou.
A rápida fala de Bolsonaro antes de entrar no carro que o esperava na garagem do partido responde indiretamente o ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal que resultou na aplicação de medidas cautelares contra o ex-presidente. Na manhã de quinta-feira, o ministro declarou que Bolsonaro descumpriu uma das medidas na última segunda-feira (21/7), mas o livrou da prisão preventiva. Ele analisou que a irregularidade é de caráter isolado, e não há notícias de "outros descumprimentos até o momento".
Ainda em manifestação, o relator explicou que não há impedimento de que Bolsonaro conceda entrevistas à imprensa. A equipe de advogados do ex-presidente ainda analisa quais são os limites impostos pela proibição de Moraes, que restringe o uso das redes sociais por Bolsonaro e aliados. É a isto que o ex-presidente se referia na declaração concedida na saída do escritório do PL.
Quando diz que não pode errar, Bolsonaro se refere à ameaça feita pelo ministro, de que novos descumprimentos das cautelares implicarão em prisão preventiva imediata.
O STF impôs medidas cautelares ao ex-presidente na última sexta-feira (18/7). Elas incluem o uso de tornozeleira eletrônica, o recolhimento domiciliar entre 19h e 6h e integral aos fins de semana e feriados e a proibição de uso de redes sociais. Essa última restrição é o centro do impasse entre o ministro Alexandre de Moraes e os advogados do ex-presidente. O relator argumenta que Bolsonaro não pode recorrer a "meios para burlar a medida" e explica que ela se estende também a perfis de terceiros.
A defesa coordenada pelos advogados Celso Vilardi e Paulo Cunha Bueno avalia que o despacho do ministro não é claro. Eles questionam o limite da aplicação dessas medidas cautelares e argumentam, ainda, que nunca houve descumprimento por parte do ex-presidente Bolsonaro.