BRASÍLIA - Ao prorrogar o inquérito da Polícia Federal (PF) que investiga a atuação do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), considerou que o filho de Jair Bolsonaro (PL) tenta interferir na ação penal do golpe de Estado.
"Verifica-se que o investigado Eduardo Nantes Bolsonaro permanece praticando condutas com o objetivo de interferir e embaraçar o regular andamento da ação penal, que já se encontra em fase de apresentação de alegações finais pelas partes", pontuou o ministro relator nessa terça-feira (8) no despacho que decidiu pela prorrogação do inquérito.
A ampliação do prazo do inquérito atende a um pedido da Polícia Federal (PF), que solicitou um período maior para concluir a investigação sobre a atuação do deputado licenciado. Ele é investigado por três crimes:
- Coação no curso do processo;
- Obstrução de investigação de infração penal que envolva organização criminosa;
- Abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
O relator entendeu que há necessidade de continuar a investigação para cumprir as diligências ainda pendentes. Na prática, Eduardo é suspeito de constranger e intimidar autoridades brasileiras com as articulações que têm feito nos Estados Unidos.
A situação se agravou nesta quarta-feira (9) quando o presidente norte-americano Donald Trump declarou que o país sobretaxará os produtos brasileiros em 50%. Em carta dirigida ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Trump cita que Jair Bolsonaro é vítima de uma caça às bruxas e usa esse argumento para justificar as sanções.
"A forma como o Brasil tem tratado o ex-presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma vergonha internacional. Esse julgamento não deveria estar ocorrendo. É uma caça às bruxas que deve acabar imediatamente", escreveu Trump. O julgamento a que se refere é o inquérito do golpe.