BRASÍLIA – A Polícia Federal indiciou nesta terça-feira (2/9) uma passageira que gritou e tentou agredir o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), durante um voo de São Luís para Brasília. A corporação informou que a mulher responderá por injúria qualificada e incitação ao crime.

A confusão ocorreu na tarde de segunda-feira (1º/9). Segundo o gabinete de Dino, o ministro estava sentado, aguardando a decolagem, quando uma mulher embarcou e, aos gritos, começou a ofendê-lo verbalmente.

Ainda de acordo com a equipe de Dino, a passageira teria gritado que “não respeita essa espécie de gente” e que o “avião estava contaminado”. Ela também teria tentado avançar em direção ao assento do ministro, mas foi contida por um segurança.

Um agente da PF que trabalhava no aeroporto de São Luís foi acionado e comunicou à equipe de segurança do ministro que encaminharia a ocorrência à Superintendência da Polícia Federal em Brasília.

Em nota, a assessoria de Dino lamentou o episódio e afirmou que as medidas cabíveis foram adotadas. “Agressões físicas e verbais, ainda mais no interior de um avião, são inaceitáveis, inclusive por atrapalharem outros passageiros e colocarem em risco a operação do próprio voo, que é um serviço essencial.”

Magistrados condenam o episódio

Também em nota, a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) manifestou "preocupação" com as hostilidades, que classificou como "um retrocesso de civilidade e uma perigosa escalada de intolerância contra o Poder Judiciário". O objetivo da ação, para a entidade, é "deslegitimar a função jurisdicional e minar a confiança nas instituições".

"Não admite manifestações que ultrapassam o debate público e assumem contornos de intimidação. O Brasil precisa de diálogo, responsabilidade e civilidade para enfrentar seus desafios – e não de ameaças à magistratura", completa a AMB.

Julgamento de Bolsonaro 

O indiciamento ocorre no mesmo dia em que o STF começa a julgar a ação penal que pode condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a mais de 40 anos de prisão.

Até a próxima sexta-feira (12/9), a Corte também vai julgar outros sete réus do chamado núcleo crucial da tentativa de golpe de Estado. A decisão cabe aos cinco ministros da Primeira Turma do STF. Flávio Dino é um deles.

Em prisão domiciliar e com tornozeleira eletrônica, Bolsonaro não compareceu à sessão desta terça. O ex-presidente nega qualquer crime e afirma que os atos descritos na denúncia da Procuradoria-Geral da República são “absurdos”.