BRASÍLIA - O ex-deputado Roberto Jefferson está em condições de deixar o hospital após quase dois anos de internação. A informação foi prestada pelo Hospital Samaritano Botafogo ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que solicitou esclarecimentos sobre o estado de saúde do político.
Jefferson está internado desde julho de 2023, após sofrer um traumatismo craniano causado por uma queda. Segundo laudo na época, ele apresentava sintomas como alucinações, falta de apetite e não conseguia levantar da cama. A junta médica que avaliou seu caso recentemente apontou uma “situação de extrema debilidade” agravada pelo próprio ambiente hospitalar.
Apesar da recomendação de alta médica, Jefferson permanece sob custódia. Isso porque, além de ter sua prisão domiciliar autorizada pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), ele ainda responde a um segundo processo no STF e cumpre prisão preventiva, que só pode ser revista por Alexandre de Moraes, que é o relator do caso.
A defesa do ex-deputado alega que não houve decisão judicial sobre sua condição de saúde nos últimos cinco meses e pressiona pela conversão da prisão preventiva em domiciliar. Moraes, no entanto, questiona a mudança de argumento: antes, a justificativa era a necessidade de internação; agora, é a possibilidade de tratamento em casa.
“No momento anterior, para não ficar no estabelecimento prisional, a defesa alega necessidade de tratamento médico indispensável; agora, alega desnecessidade de internação”, escreveu o ministro em despacho assinado em 11 de abril.
Roberto Jefferson passou mais tempo no hospital do que na prisão
Durante os 900 dias em que está preso preventivamente, Jefferson passou 677 deles internado, com base em laudos que indicavam necessidade contínua de cuidados médicos.
No STF, o ex-deputado federal que denunciou o esquema de Mensalão foi condenado a mais de nove anos de prisão por incitar ataques contra o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a CPI da pandemia. Ele também responde por calúnia contra o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e declarações homofóbicas contra a comunidade LGBTQIA+.
Já no TRF-2, ele responde por atacar agentes da Polícia Federal com granadas e tiros de fuzil, em outubro de 2022, quando resistiu ao cumprimento de um mandado de prisão.