BRASÍLIA - O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), rejeitou a tentativa de obstrução da ação contra Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus por golpe de Estado. Ele deu início à leitura do relatório que marca o começo do julgamento do ex-presidente e de aliados que, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), articularam a derrubada da democracia para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Relator da ação, o ministro também criticou a atuação “covarde e traiçoeira” da organização criminosa, alvo do inquérito, contra a Corte. “Essa ação penal constatou a existência de condutas dolosas e conscientes de uma verdadeira organização criminosa que, de forma jamais vista em nosso país, passou a agir de maneira covarde e traiçoeira para tentar coagir o Poder Judiciário”, leu.

“Em especial o Supremo Tribunal Federal e submeter o funcionamento da Corte ao crivo de outro Estado estrangeiro”, completou. O ministro se refere à atuação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) em articulações com os Estados Unidos contra o julgamento, cujo principal réu é o pai, Jair Bolsonaro. A denúncia da PGR indica o papel primordial do ex-presidente nas articulações, especialmente no núcleo crucial, onde estão agrupados os oito principais réus da trama.

A leitura do relatório é a primeira etapa do julgamento. No documento, o ministro Alexandre de Moraes se debruça sobre os autos da ação apresentando uma síntese do que ocorreu. O relatório ainda não é o voto do ministro, que só será lido após as sustentações orais do procurador-geral da República, Paulo Gonet Branco, e das defesas dos oito réus.

Contrariando etapas anteriores da ação, o ex-presidente optou por não comparecer à sessão de julgamento. “O presidente não virá. A expectativa é fazer uma defesa verdadeira, baseada em pontos jurídicos”, esclareceu o advogado Celso Vilardi, responsável pela defesa técnica de Bolsonaro. Ele também declarou que o ex-presidente expôs desejo de comparecer à sessão, mas, “não está bem de saúde”.