BRASÍLIA – O procurador-geral da República (PGR), Paulo Gonet Branco, afirmou nesta terça-feira (2/9) que os comandantes das Forças Armadas no Brasil foram assediados pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a tomar o poder pela força e impedir a diplomação do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em dezembro de 2022.

Autor das denúncias que tornaram réus Bolsonaro e sete aliados por tentativa de golpe de Estado, Gonet ressaltou, ao pedir a condenação de todos, na primeira sessão do julgamento, nesta terça-feira, que o plano de anular o resultado das eleições – que decretou a derrota de Bolsonaro –, a prisão de autoridades e a intervenção no Supremo Tribunal Federal (STF) só não se concretizou por falta de apoio de quem tinha o poder de polícia. 

“O golpe não se perpetrou, uma vez que, no obstante tentado, e insistentemente pelos denunciados, não obteve a adesão dos comandantes do Exército e da Aeronáutica”, disse o PGR, referindo-se ao general Marco Antônio Freire Gomes e ao brigadeiro Carlos Baptista Júnior, respectivamente. 

De acordo com Gonet, depoimentos coletados ao longo do processo apontaram que as medidas seriam assentadas “tão logo obtido o apoio das Forças Armadas”, o que só teria ocorrido pelo comandante da Marinha, almirante Almir Garnier. 

“O comandante da Marinha prontamente assentiu ao projeto e se dispôs a fornecer tropas. A resistência que houve foi das outras duas armas”, completou. “Os comandantes confirmaram terem sido constantemente pressionados, inclusive por meio de ataques virtuais a aderir ao intento disruptivo”, afirmou.