BRASÍLIA - Deputados de oposição avaliam que o início do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é o momento adequado para pressionar o presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), a colocar em votação a proposta de anistia ao envolvidos nos atos de 8 de janeiro. A articulação escalou nesta terça-feira (2/9) em reunião marcada pelo líder da oposição, deputado Zucco (PL-RS).

Caciques do Centrão indicam apoio à anistia, e os presidentes do União Brasil, Antonio Rueda, e do PP, Ciro Nogueira, se encontraram pela manhã. Unidos a eles, pela aprovação da anistia, também estão o presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP), e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

A costura entre oposição e Centrão promete reverberar na reunião do Colégio de Líderes com Hugo Motta, às 14h, desta terça-feira. O líder do PT, deputado Lindbergh Farias (RJ), rejeitou a articulação dos grupos favoráveis à anistia e avaliou que o presidente da Câmara “não entrará em uma aventura”.

“Qualquer votação de anistia agora é interferência direta no julgamento do Supremo. A oposição pode querer, mas não é razoável. O presidente da Câmara tem responsabilidade, e uma interferência é, para nós, inegociável”, analisou.

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) abriu, nesta terça-feira, o julgamento de Bolsonaro e de outros sete réus por golpe de Estado. O líder do PT acompanhava a sessão no STF quando Hugo Motta ligou e pediu que ele fosse à residência oficial da Câmara para reunião que antecederá o encontro do Colégio de Líderes.

“Vou agora [para a reunião] porque estamos preocupados com a pauta da semana. Sabemos que tem pressão por parte da oposição”, disse Lindbergh.