BRASÍLIA - Um deslize de português em uma frase de efeito moral do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes virou motivo de repercussão nas redes sociais, especialmente por nomes alinhados à oposição e que alimentam críticas ao magistrado. Ao manter as medidas cautelares ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Moraes trocou a conjunção “mas” pelo advérbio “mais”, que indica quantidade.

“Como diversas vezes salientei na Presidência do TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL, a JUSTIÇA É CEGA MAIS NÃO É TOLA!!!!!”, escreveu o ministro, em letras garrafais, na decisão divulgada pouco antes das 10h desta quinta-feira (24). Depois das 11h, Moraes assinou uma nova versão do documento, já com a correção ortográfica.  

O erro entrou para os assuntos mais comentados na rede social X, com mais de 50 mil comentários no intervalo de uma hora, e foi abordado, inclusive, pelo deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL). “Estou proibido de postar falas de meu pai, "MAIS" posso postar as decisões do Alexandre de Moraes ?????????????????????????????????????????????????????????”, escreveu. 

Eduardo foi citado na decisão de Moraes como um dos aliados que teriam instrumentalizado publicação de Jair Bolsonaro nas redes sociais, em descumprimento de medidas cautelares determinadas na sexta-feira (18). Isso, por postar uma foto produzida pelo ex-presidente à imprensa para mostrar a tornozeleira eletrônica que passou a utilizar

Outros usuários da rede social endossaram a crítica pelo deslize de português. “Eu já condeno qualquer um que não saiba a diferença entre “mas” e “mais”. Ministro do Supremo então…”, escreveu @EduRodriguesF98. “Um juiz da suprema corte não sabe a diferença de MAS é MAIS. Esse é o Brasil”, completou @MarcelodeA73974. 

"O mínimo de PORTUGUÊS se faz necessário para o exercício do Direito. Não saber a diferença entre MAS e MAIS é um absurdo, ainda mais vindo de um magistrado", avaliou @moret_mclaudia. Além da troca do "mas" pelo "mais", pelo menos outros dois erros de uso da crase foram percebidos no documento de sete páginas. 

Na decisão desta quinta-feira, Moraes manteve as medidas cautelares impostas a Bolsonaro, mas garantiu a conversão, ou seja, a determinação da prisão preventiva de forma imediata, se houver novo descumprimento.  

O ministro alegou que "não há dúvidas" de que a ordem de proibição de uso de redes sociais foi descumprida com a "instrumentalização" de perfis de aliados, mas essa foi, no entendimento dele, uma "irregularidade isolada, sem notícias de outros descumprimentos até o momento".

Moraes também esclareceu que não proibiu Bolsonaro de conceder entrevistas ou de fazer discursos, mas ressaltou que o material não pode ser fabricado para redes de "terceiros previamente coordenados", ou seja, de aliados. 

Além de ter que usar tornozeleira eletrônica e estar proibido de acessar redes sociais, Bolsonaro deverá ficar em casa entre 19h e 6h e aos fins de semana e feriados. As cautelares em vigor ainda proíbem o ex-presidente de se aproximar de embaixadas ou de manter contato com embaixadores ou diplomatas estrangeiros. Outra medida o impede de se comunicar com réus e investigados pelo STF.